Luar no Oriente.
São João do Oriente,
Onde vivi minha infância,
Palhaço em adolescente,
Muito peralta em criança.
Oriente é minha cidade,
De luar muito brilhante,
Recordo-me com saudade,
Bate forte, em cada instante.
Em 1954. Um vilarejo,
Hoje emancipada,
Foi sempre meu desejo,
Voltar!... A terra amada.
Saudade da infância pobre,
Em São João do Oriente,
Sem ser da classe nobre,
Lalá vivia contente.
Nas noites de lua cheia,
Fitava à constelação,
Até meia noite e meia,
Em profunda meditação.
Sobre intenso belo luar
Meninada em ebulição,
Com todos a cantar.
Cantos de tradição.
Tinha ciranda e cirandinha,
Vamos todos cirandar,
Mãos dadas de namoradinha,
Propondo sério namorar.
A longa estrada de terra,
Eu era um caminheiro,
Lá bem longe na serra,
O clarão chegava primeiro.
Para a igreja eu ia,
Sem medo do escuro,
Na igreja eu via,
Marina semblante puro.
Marina era um anjo,
Coroando a Virgem Maria,
Eu de longe um Arcanjo,
Entoando melodia.
Desejo e amor com melodia.
Ao ver aquele anjo de luz,
Marina era linda poesia,
Poema de amor propus.
O luar no Oriente,
Protegido por São João,
Saudade contundente,
Neste frágil Coração.
Sonhar, deixe-me sonhar,
Neste coração latente,
Deixe-me com emoção lembrar,
Do luar do meu Oriente.
Lair Estanslau Alves.