TROVAS DO COTIDIANO
Era cedo, abri a janela
As árvores acenavam
Pareciam me dar bom dia
Nada respondi
Em silencio, fechei a janela
Lá fora o vento zunia
O sol fraco sumiu
Desaprovou, por certo
Minha descortesia
A chuva nos montes
De um branco baço
O horizonte tingia
Como um autômato
Dirigi-me ao trabalho
Como faço todos os dias
Na estrada imperfeita
Topei com a chuva,
Que sem freios caia
Os pneus do carro
Traçavam um risco sinuoso
Que a água logo encobria
Cruzando a enxurrada
Emitiam uma som grave
Um som de baixo parecia
Na estrada sem acostamento
A vegetação em êxtase
Dançava com alegria
A natureza tão sábia
Tem formas inesperadas
De fazer poesia
Eu, preso aos problemas,
Remoendo os pensamentos
Da minha existência vazia!