trovinhas

i.

os versos doem

cada palavra preterida

os versos sofrem

cada rima escolhida

ii.

no paradoxo moderno

onde tudo e nada tenho

entre o céu e o inferno

vida é o que empenho

iii.

um olho bate no outro

um ou outro acaba louco

o teu bateu no meu

o chão a meus pés cedeu

iv.

poeta saúda a lua

na cantiga de amor

entoa loas na rua

até esquecer a dor

v.

escuto tua respiração

afago os cabelos cacheados

um alento no coração

nos teus lábios adocicados

vi.

tempo, um bicho solerte

cada dia num compasso

pro vivente não cair inerte

cada dia um novo passo

vii.

o dia uma aventura

entre flores do jardim

amor crua ternura

no colorido sem fim

viii.

lágrima mistério

alivia o pesar

tal magistério

nos ajuda levar