Eu e o tempo
 
Quando eu era bem mais novo,
Ficava a mirar o tempo a correr,
Sempre que podia deixava-o passar.
Sorrindo achava ludibria-lo,
Não me via indo de encontro ao tempo,
Eu era o próprio tempo, era o espaço,
O espaço daquele instante vivido,
O braço forte que segurava o tempo.
Eu podia revirar e vasculhar caminhos,
E esses não podiam deter-me.
Mas o tempo de mansinho foi chegando,
Abraçando-me e dizendo não ter fim.
Hoje convivemos em harmonia,
Eu não fujo e ele não corre,
Ele passa e eu não o vejo,
Sinceramente, amigos não somos!
Eu espero que ele desista de mim.
 
                    Rio, 14/06/2014
                  Feitosa dos Santos