TROVAS AO CARNAVAL 2015

No asfalto da poesia

De São Paulo, o Anhembi

Sou só bloco - alegoria!

Sambo na Sapucaí.

Sou Brasil em harmonia!

Sincretizo em emoção...

No frevo do Marco Zero

Sou Oludum de geração.

Sou Maria todo dia!

De genoma... "ser guerreira"

Imortal, sou brasileira!

Sou passista da Mangueira.

De perfume estonteante

Rosa... pétala de ouro

No asfalto esfumaçante

Sambo contra o mal agouro!

Qual um Beija- flor com dor

Pela Mata devastada...

Na Amazônia busco a flor

Que tombou desidratada.

Sou qual gárgulas de poesia!

Que faz versos ao anverso

À "escola" que agoniza...

Lanço as letras ao sucesso...

Ao anverso social...

Que faz triste samba enredo,

Sou sagrado Carnaval

Poetizo o que antevejo.

Sou maestro da avenida

Sou pandeiro e violão!

Sinfonia preferida:

Toda gente em união.

Sou Cartola, Pixinguinha,

Todos Zecas dos Pandeiros

Pagodinho, sou Martinho...

Sou Candeia, Zeca Baleiro!

Pela "transversal do tempo"!

Sampo o tema campeão,

Sou Vai- Vai e Imperatriz!

Sou Elis de geração.

Sou o sóbrio tino artista!

Sou enredo sem reinado...

Sou o povo equilibrista

Carta fora do "baralho"!

Pelo samba da Portela...

Renasci em emoção

Madureira em primavera,

Foi plena consagração.

Pelos rios das nossas vidas

Só Paulinho da Viola!

Oração à boa sina

Do tudo que degringola.

Na avenida que só chora

Pelo enredo do Brasil

Eu sou Minas onde brota

Todo verso ouro-anil!

Planto a árvore mais bonita

A crescer no mundo inteiro!

Da Mangueira à fruta exótica,

Sou Sequóia e sou Salgueiro.

Sou a música à flor da pele,

Que carrega o tom certeiro,

Sou a rima sincopada

Sou o samba brasileiro.

Somos tons de maior tom!

Dos Antônios brasileiros,

Do tom do Carlos Jobim,

Ao Carlos Martins, tons certeiros!

Eu sou afro-descendente

Sou decente e varonil!

Hoje verso decadente

Morro só por ser de brio.

Eu sou trova pelo todo

Dos eternos carnavais!

Sou a comisão de frente

Que deseja muito mais!

Não sou cinzas da avenida

Sociedade em rescaldo,

Eu sou verso pela vida

Que hoje tomba no asfalto.

Eu não sou a velha guarda

Que só chora em redenção

Pelo tudo que se vê

No Brasil do Petrolão.

Eu sou trova alvissareira

Da avenida em evolução

Sou a alma brasileira!

Sou o Samba em oração.