Trovas sem nexo, disperso...

Cheiro de mato molhado ...fantasia!

Na beira da praia envolvente, maresia!

entre a montanha e o riacho, sintonia,

no vôo cego da vida...dor e alegria.

Elevei aos céus uma prece: um pedido

Fiz da vida toda intenção, um sentido

Acreditei na louca paixão, um gemido

Cai em prantos pelo chão, emudecido.

Persegui sonhos, construí algumas pontes

Tentei ir muito além dos horizontes

Tropecei, cai, levantei, subi os montes,

Encontrei pelo caminho poucas fontes.

Senti sede e fome, que não saciei...

Homem lobo do homem, chorei.

Bem e mal em mim, confrontei

Quando me perdi, te encontrei, voltei.

Neste contra-senso eu não penso,

Envolto em mantos e lenços

Sentindo peso negro e denso

Que impede o evolar do incenso.

Perda total meus senhores

Nada restou dos seus amores

Perderam-se todos os sabores

Chorem agora, suas dores.

A estranha indolente foi sincera

No inverno é a Morte que impera

Só é premiado aquele que espera

Paciente a chegada da Primavera!

Quem teme a dor da partida

Sofre sem ter nenhuma guarida

Lamenta em agonia sentida

Agoniza com a alma ferida.

Ah!!! Se eu soubesse antes

Os segredos dos amantes

Suspensos eqüidistantes

Entre o depois e o antes...

A dor que fica do que não ficou

Peso da lagrima que não rolou

Cicatriz viva do que não sarou

Alma cativa que não se libertou.

Da rima entoada contive o pranto

Ouvindo os ecos por todo o canto

Cerrei os olhos, presa do encanto:

Em versos o poeta emociona o santo.