Trovas do amor etéreo

Torno a ver-te, musa cálida,
Detrás dos gradis de ferro,
Demônios, em celas, cerro,
Sob um céu de lua pálida.

Como Deus deixa a donzela
Nas garras da águia infame?
Jovem pura, eis meu ditame:
“És a mais frágil gazela!”

Se fez da Vinci a pintura
De eterno sorriso a Bela,
Por que teu choro é procela,
No claustro de uma brochura?

Decifra em teu seio arcano,
Senhora da vil pilhéria,
Cura-me a dor e a miséria,
Dá-me o amor mais insano.