Aventuras de Chiquinho

Chiquinho menino levado

Em tudo queria bater

Antes de ser desmamado

O peito já queria morder

Com esse não há quem possa

Só se ouvia comentar

Até as formigas de roça

Chiquinho punha a brigar

A antena de uma arrancava

A outra uma pata perdia

O menino só se conformava

Quando uma das duas morria

Com arapuca apanhava

Os passarinhos que via

Por instinto maltratava

Os bichinhos que prendia

Menino de pouca idade

O sertão não conhecia

No entanto a felicidade

Descobriu que existia

Para um tempo de ventura

Chiquinho uma vez viajou

Para umas férias de fartura

Na casa do seu avô

Chiquinho muito assustado

Acordou de madrugada

E ficou admirado

Com o canto da passarada

O menino não conhecia

O canto do sabiá

O cupido e a cotovia

Jamais ouvira cantar

__ Vovô me responda agora

O que há com os passarinhos?

Só cantam nessa hora

Quando estão dentro dos ninhos?

__ Não, neto querido

No ninho pássaro não canta

Se cantar está perdido

Os novinhos a cobra janta

Quando o dia amanheceu

Com o avô foi passear

De medo quase morreu

Quando ouviu um jegue rinchar

__ Vovô vamos correr

Esse monstro vai nos pegar

Estou com medo de morrer

Nos dentes desse preá

Vovô Antônio disse à tardinha

_ Não é hora de vadiar

Peguem o saco e a enxadinha

Batatas vamos buscar

A rama corta-se de faca

Uma parte é prá plantar

A outra é comida prá vaca

E a raiz é o jantar

De folhas pegaram um feixe

E num poço do rio foram arrastar

E assim pegaram peixes

Novo jeito de pescar

Assaram naquele dia

Traíra, piaba e até camarão

Chiquinho então já sabia

O gosto bom do sertão.