PELA FILA DO TEMPO

Na fila do hoje...

Na fila do ontem,

Na do amanhã?

Ninguém nos garante!

Na filas que “bombam”

Por toda cidade

Nossos ossos em pé

Pela felicidade.

Na fila do banco

A do fundo de garantia

Na do fundo do poço!

Pela fila da orgia.

Na fila do pão

Na fila da fome

Na fila de espera

Violência consome.

Na fila do Pis

E na do Pasep...

Na fila da UBS

Doença só cresce.

Na fila da vacina

Da doença da hora

Na fila do espanto

Que nunca vai embora...

Na fila da porta

Do suado dotô:

Enfileirado nas fichas...

Seu coração enfartô!

Na da maternidade

É a fila de espera

Pra nascer mais um ser

Nesse palco de guerra.

Na fila do ônibus

E na do Metrô

E também do teatro

Eis ali nosso show!

Na fila da noite

Dos auto- autógrafos:

No livro de açoite!

Das vidas sem norte.

Na fila do circo

E na do picadeiro

Na fila do vício

De acreditar por inteiro!

E na do pedágio

A pagar pra viver

A comprar o bilhete...

Do que vai perecer.

Na fila parada

Lá do “SEM PARAR”

Toda tenda é armada

Para aqui nada andar.

Na fila da escola

Na fila das bolsas...

Na da dignidade

Furtada pelas Corôas.

Na fila da avenida

Na fila do trem

Na fila do Direito

Que não enxerga ninguém.

Na fila da esquina...

Dos malabaristas.

Ali toda sina

É furtada à vista!

Na fila da droga

E da prostituição

Onde a pobre criança

Já não vê solução.

Na fila do ECA

Na dos demais estatutos!

A fila só emperra

Nos demais institutos!

Na fila do grito...

Da judicialização,

Muita falta de ar!

No poluído pulmão.

Na fila da sede

Da seca sem vida

Onde até a “Asa Branca”

Morreu sem saída.

Na fila do voto

Por uma solução...

Quando menos se espera

Se vota num ladrão.

Na fila das falácias

Quantos espertalhões

Todos entrincheirados

Pra roubar todos pães!

Na fila do lixo

Pela sobrevivência...

São tantas as filas

Que dói a consciência!

Na fila da vida

Na fila da morte

Até na do IML

Tem a fila da sorte:

Morrer de morrida

Morte Natural...

Sem ter bala perdida

Nessa fila mortal!

Na fila do "sistema"

Que nunca decai...

É a fila que urge

Pra roubar sempre mais!

Pela fila de toda

Promessa em vão:

Resta a fila da fé!

Numa forte oração.

Na fila do hoje

Na fila do ontem

Pela a do amanhã

Nem museu nos garante!

Na fila do tempo

Não nos há precisão

Só preciso é se ser...

Uma unida Nação.

Pela fila do tempo

Em compasso de espera,

A clamar o milagre:

O de andar essa era...