Aos  ventos

 

Vento que sopra forte

levanta poeira na rua

E quando vem lá do norte

É pra trazer saudades tuas

 

Vento que ondula a palma

É a brisa passageira

Dá prazer às nossas almas

Tornas as tardes mais fagueiras

Se é vento a fazer o mal
Vai emborcando as catraias
Tira as roupas do varal
Das moças levanta as saias

Nas vastidões das campinas
Do Sul sibila o insano
Que enregela e amofina
É o vento Minuano

 

Vento a rugir na montanha

Vai trazer nuvens chuvosas

A passarada se assanha

Põe mundo em polvorosa

 

Decantadas são as flores

Em loas de dez talentos

Mas os poetas cantores

Esquecem a rosa-dos-ventos

 

No oceano ao mar aberto

Seu Cabral compunha as velas

Procurando o vento certo

Pra empurrar as caravelas

 

Disse alguém ao Almirante

Fujas d’África em abril

Pegue ventos do Levante

Que vais bater lá no Brasil

 

Desta forma, companheiros

Não ignore o elemento

Pois nós todos brasileiros

Somos enteados do vento.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vinícius Lena
Enviado por Vinícius Lena em 19/12/2007
Reeditado em 21/12/2007
Código do texto: T784180