O tolo e o louco

Essa é a história do louco e do tolo

Um tolo contente, meio doente

Por fazer por todos e por si, nada

Seguindo a estrada de contramão e apertada

Contraindo no processo úlceras e lacerações

Definhando aos poucos e sem opções

Sem perspectiva e sem vida

Perambulando nos sonhos

E com morpheus acumulando dívida

Sonhos e ambições

Promessas e esperas

A esperança de ser grande

O desejo de ser importante

E do amor provar

O vazio em seu peito

Cada vez maior e sem jeito

De um dia apartar

Só lhe restando a dor do abandono

Principalmente o próprio

E a falta de ar

Quando este dorme

Dá lugar ao louco

Um ser impulsivo

Destemido e perdido

Sem rédeas e sem bloqueios

Faz de tudo que lhe é direito e até o que não

Vive do vazio e da confusão

O caos e a devassidão

O louco sempre espera que o tolo se vá

Para seguir livre, para se libertar

Para devolver com moras e juros

A dívida que o tolo não pode pagar

Dois seres impróprios

Duas contrapartes profanas

Sem glórias, bastardas e mundanas

O tolo tá sobrevivendo e isso precede seu fim

E ao partir, libertará o louco

O demônio desalmado

A criatura sem tato

Sem amor e sem recato

Não deixe o tolo morrer

Mas não romantize tal bobo

Que se vaá esse lado e já vai tarde

Mas não como mártir

Não jogue seu jogo

O converta logo, eu rogo

Que seja um bom homem

Para não assistirmos a tragédia

E de camarote presenciar

O dia em que o tolo libertou o louco