TROVADORES ZÉ E PIRILAMPO

TROVADORES ZÉ E PIRILAMPO

Mário Osny Rosa

Encontrei um trovador

Com sacola a tiracolo.

Zé era um impostor

No pequeno monólogo.

Para tudo tinha saída

Mas nunca pediu a Deus.

Pra melhorar sua vida

De tudo que recebeu.

Tinha pinta de ateu

No seu tema desvendar.

Por tudo que aqui deu

No seu verso já trovar.

No dia que encontrou Pirilampo

Um ceguinho trovador.

Que era com um relâmpago

Destemido vencedor.

Era muito temente a Deus

Que lhe deu muito poder.

Sem ver com os olhos seus

E sempre soube vencer.

Logo aquele belo impostor

Achou de mesmo desdenhar.

Numa trova de certo calor

Logo até passou a ameaçar.

Pirilampo

O ceguinho com delicadeza

Sou cego, mas temo a Deus.

Respondia com sua firmeza

Nem queria ser um ateu.

Cego não tem utilidade

Só serve pra cantador.

Vive na rua da cidade

Como um esfolador.

Pirilampo

Nada vivo pedindo

Só a trova é meu trabalho.

Estou só me referindo

É por ele que logo malho.

Cego vai pro inferno

Por todos infernizar.

Lá no céu nunca chega

E o povo a falar.

Pirilampo

Rejeito a sua proposta

Se hoje nós dois morrer

E até já faço uma aposta

Que destino vai ter.

A certa eu vou para o céu

Sempre pensei em Deus.

Levado pelo arcanjo

Mesmo sendo um ateu.

Pirilampo

Sem enxergar tive uma visão

Fecharam a porta do céu.

Estava caindo no caldeirão

Logo caíste no beleléu.

Já me dou por vencido

Em trovar com um cego.

Nesta trova ter caído

Perder a um cego vivido.

Pirilampo

Agradeço o reconhecimento

Desse dom que Deus me deu

Logo pelo seu entendimento

Aqui fica meu adeus.

São José/SC, 30 de dezembro de 2.007.

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Asor
Enviado por Asor em 30/12/2007
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