Bolsa de valores e economistas

Sou mais um investidor

Lá na bolsa de valores,

Ando cheio de terror

Engolfado em seus humores.

Minha grana é bem miúda

Não dá nem para assustar,

Mas carrego a minha arruda

Pros perigos afastar.

Já ganhei algum dinheiro

Em momentos de bonança,

Mas agora sinto cheiro

De uma fralda de criança.

Sobe e desce a emoção

Revirando o intestino,

Vai pra boca o coração

E o mulato vira “Albino”.

Nesse jogo de ganhar

Hoje perco de lavada,

Mesmo assim não vou parar

De andar por essa estrada.

Nossa vida é uma aposta

Num futuro de fartura,

Arriscar é pra quem gosta

De enfrentar uma “paúra”.

Perco e ganho sem parar

Nesse louco vendaval,

Se eu soubesse só ganhar

Jazz seria um carnaval.

Escutar economistas

Não resolve essa parada,

Dizem coisas esquisitas

Que não servem para nada.

“O mercado alavancado”

Leva a mente à Grécia antiga,

Só não sei se há mercado

Que não perca nessa briga.

Falam dos “derivativos”

Como caldo de feijão,

E dos podres dos “ativos”

Como fosse um rufião.

Sem contar o tal do “hedgee”

Coisa dura de entender,

Que segura, mas concede

A tortura de perder.

Mas a última invenção

É o famoso “sub-prime”,

Hipoteca que o povão

Já gastou no “ragtime”.

Eu desisto de entender

Essa língua tão estranha,

Que parece me ofender

Cada vez que se assanha.

Não há um economista

Que demonstre uma certeza,

Todos “acham” e dão pista

Que o “mercado” está beleza.

Mas chamados a opinar

Ficam lisos qual sabão,

Enrolando o linguajar

Não passando informação.

Se eles sabem não nos dizem

Se não sabem eles sofismam,

Melhor mesmo é ficar zen

Digam eles o que digam.

Essa tal de “Economia”

É ciência do inexato,

Muitos falam que seria

Um tesão todo sensato.

Mas a “Bolsa de Valores”

Continua soberana,

Nesse jogo de “Senhores”

À procura de mais grana.