O FUTURO DO TEMPO

Se de fato almejamos

Ter a paz no coração

Bom será que nós vivamos

Sem nublar nossa visão.

É preciso que se sonhe

Com castelos pelo ar,

Que a gente se envergonhe

Quando ouvindo acreditar:

Nos discursos tão patéticos

Dessa turma do poder

Afirmando que são éticos

Cumpridores do dever...

Pelos antros da surdina

Tramam golpes milionários,

Mergulhados na propina

Desviada dos erários.

Uma raça de bandidos

Faz do mundo o seu quintal,

Ditadores travestidos

De mocinhos contra o mal...

Nessa hora crucial

Para a vida aqui na terra

A questão ambiental

Esquecida... Sempre emperra.

Sonho um tempo que não cessa

De embalar o nosso sono,

Sonho um tempo que impeça

O ar repleto de carbono...

Sonho solto lá no espaço

Navegando pelo escuro

No horizonte um embaraço

Com a chegada do futuro...

Que galopa e dá seu coice

Tão selvagem qual corcel,

Num rompante mostra a foice

Pra ceifar o nosso céu...

Se água houver ele se agüenta

Invadindo o infinito,

Se faltar não se sustenta

Muito tempo em seu agito.

Caso o tempo estacionasse

N’algum canto do universo

E o futuro se atrasasse

Esperando um belo verso...

...O poema eu mudaria

Restaurando a esperança

Num futuro de alegria:

Muita festa e muita dança.

Nosso olhar que nessa vida

Fugidia e tão fugaz,

Vê a terra assim ferida

A caminho do aqui jaz...

Quando em tempo de partida

Com saudades, digo adeus,

Mas não deixo a despedida

Apagar os olhos meus!

Sol subindo e sol descendo

Faz a vida tão serena,

Mas se o sol for se aquecendo

Quero estar fora de cena.

Tempo lindo e majestoso

Que aquarela o entardecer!

Deixa em mim um quê saudoso

Que acompanha o meu viver!

Tempo veja os novos tempos

Nos queimando em seu calor,

Choro agora os contratempos

De viver tempos de horror.

Falo sim do que acontece

Nessa luta entre nações:

Jogam tudo o que apodrece

Para dentro dos pulmões.

Mil tratados assinados

Pra salvar nosso habitat

Todos são abandonados

Pra depois talvez quiçá...

Sei que os ares dessa terra

Já estão contaminados

E o carbono que nos ferra

É o “laranja” dos culpados...

Esse tempo que aquecido

Como nunca houve igual

Mais esquenta se acrescido

Do descaso que é geral.

O futuro qual bebum

Tonto gira até que pumba...

Já implorei ao Olorum

Botar fim nessa quizumba.

Tempo está com ele na mira:

“O futuro tão sonhado”

Pois sem água a terra pira

Pondo fogo em seu costado...

...Água pouca e ar pesado

É o futuro que se avista,

Se não for do seu agrado

Do trombone não desista...

Peço agora o seu perdão

Por contar minha tristeza

Mas meu pobre coração

Dessa dor é velha presa.

Para tudo dá-se um jeito

Se se cuida antes que estrague,

Basta à cuca achar conceito

E o desejo... Algum milagre!