Verso Gay

Outro dia um verso gay

invadiu o meu poema

alegrinho disse: Rei,

és galã lá do cinema.

Dê-me aqui o teu autógrafo

e depois tua caneta

respondi: eu sou tipógrafo

antiqüado e careta.

Já dobrada a munheca

ancorada na cintura

me olhou como quem seca

uma tinta na pintura.

Acuado fui ficando

com aquela abordagem

mas aos poucos fui sacando

que era pura viadagem.

O frescor que ele trazia

me deixava em bom humor

e mais leve a poesia

que eu fazia a seu favor.

Meus amigos,sou espada,

e só gosto de mulher,

me diverte a bicharada

que se vira como quer.

Este verso se engraçou

me deixando num dilema:

O prazer que se mudou

ou faltou alguma trema?

Só Deus sabe, o que passou,

para isso acontecer,

o verso que me chegou

só queria era viver.