SENHORA

JOSÉ DE ALENCAR

Dedicou-se ao romance indianista, regional e urbano. Neste último relatou intrigas amorosas, amores impossíveis, chantagens...Em 1875, publicou "Senhora" que tematizava o casamento como forma de ascensão social. Apesar da obra ainda apresentar-se presa ao modelo narrativo romântico, também apresentou elementos inovadores como a critica aos comportamentos fúteis e frágeis dos valores burgueses oriundos do capitalismo emergente no país.

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"SENHORA" -- Aurélia Camargo é uma moça pobre e órfã de pai, noiva de Fernando Seixas. Seixas é um bom rapaz, porém tem o desejo de ascender rapidamente na escala social e, por isso, troca Aurélia por outra moça de dote mais valioso. Aurélia passa a desprezar todos os homens, e eis que, com a morte de um avô, torna-se milionária e, por isso, uma das mulheres mais cortejadas do Rio de Janeiro. Como vingança, manda oferecer a Seixas um dote de cem contos, mas sem que fosse revelado o nome da noiva, só conhecido no dia do casamento. Seixas aceita e se casam; porém, na noite de núpcias, Aurélia revela-lhe seu desprezo. Seixas cai em si e percebe o quanto fora vil em sua ganância. Vivem como estranhos na mesma casa durante onze meses, mas socialmente formam o "casal perfeito". Ao longo desse período, Seixas trabalha arduamente até conseguir obter a quantia que recebera como sinal pelo "acordo". Devolve os cem mil-réis à esposa e se despede dela. Nesse momento, porém, Aurélia revela-lhe seu amor. Os dois, então igualados no amor e na honra, podem desfrutar o casamento, que ainda não havia se consumado.

............................................................................................................PROPOSTA INDECENTE

Em 1993, o drama vivido por Seixas e Aurélia é retomado pelo cineasta Adrian Lyne, com algumas modificações, no filme Proposta indecente. Nele, o casal de protagonistas aceita a proposta de um milhão de dólares, em troca, dela (Demi Moore), passar uma noite com um bilionário (Robert Redford). Comparando-se à obra de José de Alencar, o dinheiro põe fim a relação do casal, só passando a ser retomado quando ressurge da liberdade e independência a quaisquer interesses sociais que não o amor.

(Escrito por Paulo Carneiro, 15/06/2014)