Narradores de Javé,** o filme - Da Série Vida de professora

Ficha Técnica

Nome: Narradores de Javé

Direção: Eliane Caffé

Elenco: José Dumont, Matheus Nachtergaele, Nelson Dantas, Gero Camilo, Nélson Xavier

Ano de Lançamento: 2003

Sinopse

“Rodado entre junho e setembro de 2001 em Gameleira da Lapa, cidade do interior da Bahia, “Narradores de Javé” conta a história de um povoado que, ao ver a iminência de ter seu vilarejo inundado pelas águas de uma represa, vê como único modo de impedir o acontecimento na transformação do local em um patrimônio da humanidade. Para isso os moradores decidem passar para o papel todas as lendas sobre a origem de Javé, e assim chamam o escrivão local Antônio Biá para escrever um livro sobre o vilarejo.

Acontece que Biá tinha sido banido de Javé pela população por ter difamado praticamente toda esta através de cartas que ajudaram a salvar seu emprego nos Correios locais. Mas no desespero a população acaba dando esta oportunidade do escrivão se redimir. A partir daí, Biá passa a ir de casa em casa na região para passar para o papel as lendas guardadas nas cabeças dos moradores de Javé. O único problema é que cada morador conta uma história diferente, e sempre defendendo os interesses de seus antepassados.

O filme é brilhante, ganhou os prêmios principais nos Festivais do Rio e de Recife, onde em ambos o trabalho, não menos magnífico, de José Dumont foi premiado. Dumont é a alma do longa, onde pode treinar toda sua capacidade de improvisação. Praticamente todas as marcantes falas de Biá, como “piaba de silicone”, “tapioca de exu”, “manicure de lacraia”, “pokemon de Jesus”, “omelete de cupim”, “desinteria de tinta”, “um dilúvio bovino”, “clonado de miolo de pão”, entre outras, foram criadas pelo próprio ator.(...).Ao mostrar o confronto entre o progresso e as tradições de um lugarejo, o filme ainda se preocupa em citar o problema das terras em nosso país, onde os primeiros habitantes demarcavam, por si mesmos, a extensão de suas propriedades. Resumindo, o filme é imperdível, e boa parte disso é por causa de José Dumont que, bairrismos à parte, merecia um Oscar por sua interpretação.

Fragmento da resenha de Lucas Salgado no www.cinemacafri.com

Tutorial

Apresentar o filme Narradores de Javé, para qualquer platéia, qualquer grupo, seja de professores alfabetizadores, coordenadores pedagógicos, estudantes da EJA ou cursistas do projeto de Iniciação Profissional em Pesca Artesanal, lá em Porto de Pedras, é sempre um prazer e uma alegria muito grande, haja vista o encantamento, as emoções que o filme provoca.

Desde a primeira vez que o vi, em 2005, já tive a oportunidade de fazê-lo em vários grupos e posso afirmar que todas as atividades que propus a cada um deles, sem exceção, tiveram uma resposta excelente. Aliás, nem precisaria propor nenhuma atividade, pois é decididamente impossível a platéia ficar indiferente aos muitos temas que essa premiadíssima - oito prêmios, dos mais diversos - tragicomédia traz.

Destaco a atuação de José Dumont como o ponto alto da narrativa. Seu personagem, um anti-herói autêntico, faz e rir e nos comove. Cutuca nossa ferida de brasileiro, nordestino, alfabetizado na terra de analfabetos. Uma responsabilidade contar a história do seu povo, mas "uma coisa é o fato acontecido, outra é o fato escrito", fala que justifica seu ofício de escritor.

O filme conquista todas as idades. Fico encantada quando vejo meu filho, agora de 11 anos, recomendando-o a seus coleguinhas e revendo-o várias vezes-também tenho essa mania-, divertindo-se muito com as “tiradas” bom humoradas de Antonio Biá.

Nem preciso dizer o efeito que causa em grupos de professores, alfabetizadores e turmas de alunos de Educação de Jovens e Adultos, pois a importância da leitura e da escrita para a sobrevivência de uma comunidade é o esteio da narrativa.

O cuidado e a recomendação que fazemos com relação à exibição de filmes com objetivos pedagógicos é a mesma que escrevi para TAPETE VERMELHO e colo aqui:

XXXX

- Deve ser uma ação planejada, com objetivo definido;

- O professor deve ver o filme antes para explorar as possibilidades pedagógicas e os aspectos que irá ressaltar para o grupo; observar faixa etária recomendada, para aproximar ao máximo da área de interesse da turma;

- O professor deve envolver no planejamento outras disciplinas, outras áreas de interesse, pois o tempo de um filme não cabe no tempo de apenas uma aula, a não ser curta-metragem e documentários. É recomendável que seja uma atividade o mais coletiva possível;

- A atividade terá um ótimo retorno se realizada dentro de uma seqüencia didática já iniciada ou desencadeada a partir da exibição.

Bibliografia

NAPOLITANO. Marcos. Como Usar o Cinema na Sala de Aula- São Paulo: Contexto, 2003.

REALI. Noeli Gemelli (org.). Cinema Na Universidade: possibilidades, diálogos e diferenças.Chapecó:Argos, 2007.(Destaque para o artigo CINEMA A AULA OUTRA, da organizadora, pág. 127).

Atividade

Para o Projeto de Iniciação Profissional em Pesca Artesanal, trabalhei com as turmas com o objetivo de destacar a importância do registro escrito para a construção da história de um lugar, mas a partir do resgate da história oral, do boca a boca, instituição em qualquer comunidade. Os grupos puderam não só usufruir da exibição de um de filme emocionante, mas também refletir sobre suas vidas frente à história que cada habitante de uma comunidade ajuda a construir.Logo após a exibição , o grupo se organizou em equipes, debateram sobre o que lhes chamou a atenção e produziram um pequeno texto.

Posto aqui, algumas contribuições dos alunos para a reflexão sobre o filme, com o objetivo de ratificar a importância da ação de “dizer a palavra”, validar o que pensamos e refletimos, a partir do registro escrito.

As produções dos alunos*

1-Sobre o filme “Narradores de Javé”

Nós entendemos que este filme falou sobre um registro , que deveria ser escrito no papel e não por fala contada . Já que na cidade ninguém sabia escrever, tiveram que se valer de a uma pessoa que só falava mentira, tanto que para não perder seu emprego no correio, teve que mandar varias cartas escritas para pessoas de outra cidade e as cartas eram falando mau das próprias pessoas que viviam naquele pedacinho de terra.Quando tiveram a idéia de dar mais uma chance a ele, pediram para fazer um registro , escrito à mão.E para que eles não perdessem aquele pedacinho de terra , ele teve que ouvir as pessoas mais velhas, que moravam ali .Mas mesmo assim depois de toda confusão e esforço, as suas terras foram alagadas de qualquer jeito .

Equipe : Jéssica Kelly

Maria Juliete

Maria Betânia

Anderson Santana

José Edmundo

2-Resgatando conhecimentos, refletindo sobre o filme Narradores de Javé

Quando se vai em busca de algo do qual não temos conhecimento, deve-se ir em busca de pessoas antigas para ter um conhecimento melhor da história da cidade, para descobrir fatos

que aconteceram no tempo antigo.

E para uma cidade se desenvolver e ser conhecida tem que ter um registro, tem que ter história. Mas não são todas as pessoas que tem força de vontade para ir investigar os fatos acontecidos. Há muitos que não querem contribuir com o resgate dos fatos antigos, importantes para a história do lugar.

As pessoas daquela cidade deram confiança a um escritor, mas ele traiu a confiança de todos, pois não fez o combinado.

No final ele se arrependeu. Quando viu que o lugar estava sendo destruído pelas águas resolveu escrever a história .

É só buscar, acreditar, confiar que vai chegar lá.

Nomes:

Jessica Lopes

Mercia Constança

José Anderson

Devinho

Cleberson

3-Opinião sobre o Filme “Narradores de Javé”

Nós entendemos que tudo o que existe temos que registrar, por que se não for registrado não podemos provar que aquilo é de fato nosso.

Como apareceu no filme, não tinham nenhum registro da história da comunidade por isso perderam o lugar onde viviam.

Por falta de registro e por falta de leitura e escrita não souberam lutar contra as pessoas que queriam as suas moradias .

É como se tivéssemos um barco sem o registro e quando estivéssemos pescando em alto mar a marinha chegasse pedindo o pescado. E se o pescador disser que o barco é registrado mas na hora não apresentar o documento da embarcação, ele pode até ser preso por não ter o registro da embarcação e por pesca ilegal.

Equipe:

Deivid

Dênis

Amicléia

Adiltom

Benedita

4-A importância de um registro

Um registro serve para mostrar a existência, a história, a cultura e a crença de um lugar.

Em Porto de Pedras, Alagoas, a pesca tem uma grande importância para a economia, pois geram renda para muitas famílias, que se sustentam com a comercialização do pescado. Nossa realidade é muito parecida com a do filme, pois além da maioria da população ser de pescadores,também não temos nada escrito para contar a história da pesca.

No filme, mostra a realidade de um povoado que não tinha nada escrito, registrado, mas que estava lutando para marcar a existência desse lugar.

Nome:

Tamilis

Cicera Roberta

Leonardo

Jeverson

Janailma

*Agradeço a Vinícius, meu filho, a contribuição na digitação dos textos dos alunos e nas observações para a "correção " dos mesmos.

**Prestigie o cinema nacional.