A IMPORTÂNCIA DAS SOCIEDADES MÉDICAS

Sérgio Martins Pandolfo*

“É salutar que mudemos nossos conceitos e avaliações sobre qualquer coisa; os tempos mudam e o conhecimento evolui”. SerPan

O que é uma Sociedade Médica? Quais os seus objetivos? Qual sua importância no contexto da ciência de Hipócrates, ou, em síntese, para que servem as Sociedades Médicas?

Quantas vezes perguntas como essas são formuladas pelos médicos que não integram ou não estão ligados a essas associações!

Respostas, no mais das vezes dissociadas da realidade, imputam-nas de igrejinhas, trampolins políticos, feudos, de que se serviriam os dirigentes, à busca de autopromoção ou elevação profissional, ou outras conceituações igualmente desarrazoadas e desabonadoras.

Nada mais errôneo e injusto. A direção dessas entidades constitui, imensa maioria das vezes, pesado fardo de renúncias e sacrifícios a que se impõem profissionais quase sempre idealistas e ilustres, num esforço, que desejam compartilhado, a fim de ver crescer conceito e os horizontes laborativos de suas áreas de atividade em prol da assistência à população. E sentem-se realizados quando o conseguem.

É muito maior do que se possa imaginar, no entanto, a importância dessas associações, pelo geral criadas visando a congregar profissionais que professam a mesma especialidade ou afins.

Basta que se chame a atenção dos porventura descuidados e mordazes críticos para um fato fundamental e inquestionável: a quase totalidade dos eventos científicos, na esfera da Medicina, sejam eles congressuais ou a moda de cursos, seminários, encontros, palestras e que tais, são, no Brasil, promovidos ou patrocinados exclusivamente pelas sociedades médicas civis interessadas; rarissimamente algum recebe a chancela ou o aporte financeiro principal do assim chamado Poder Público, em que pese seja este, quase sempre, o grande beneficiado, em última análise, com o avanço da ciência médica e o adestramento dos que a praticam, maioria deles direta ou indiretamente atrelados às ações governamentais na área da saúde coletiva. Quando muito ajudam, palidamente, com alguma módica espórtula, ou, então, arcando com o pagamento de passagens ou estada de algum ilustre convidado, máxime se isso é passível, de alguma forma, de aportar dividendos promocionais (políticos, diga-se) à autoridade ou entidade estipendiadora. Nem mesmo prestigiam o evento, comparecendo ao mesmo; quando muito se contentam em mandar “representantes”, via de regra de pouca representatividade real, que, por seu lado, limitam-se a cumprir a determinação superior comparecendo à sessão de abertura e proferindo algumas desenxabidas palavras, dando por encerrada sua missão.

E ninguém desconhece, por certo, a importância desses acontecimentos para a formação e informação dos profissionais da área de saúde; para a absorção e atualização do conhecimento médico; para a troca de experiências e tirocínio; enfim, para o avanço da Medicina. Tem sido assim desde sempre.

Belém, principalmente, tem crescido muito e se beneficiado sob esse aspecto, máxime nos últimos anos, sendo farta e potente a atuação de suas sociedades representativas especializadas na promoção de eventos científicos de grande envergadura, de expressão nacional alguns, outros de âmbito regional ou local, mas todos de sumo realce para a cultura médica.

Contando com três sociedades que se perfilam entre as mais antigas e atuantes do País - a Sociedade Médico-Cirúrgica do Pará (SMCP), com suas respeitáveis nove décadas de marcante atuação; a nossa APGO - Associação Paraense de Ginecologia e Obstetrícia, que já contabiliza mais de seis décadas de profícua existência, eis que fundada em 1948, a segunda do Brasil na área - e a Sociedade Paraense de Pediatria, igualmente das mais longevas dentre as nacionais, nossa cidade se vem destacando nesse particular, valendo referenciar que desde a instalação do Centro de Convenções e Feiras da Amazônia – Hangar, um grande número de congressos de ambiência nacional e internacional e reuniões assemelhadas foram realizados nas moderníssimas e avançadas instalações desse magnífico coliseu multifuncional, propiciando não só atualização e reciclagem para os aficionados das diversas especialidade, bem como incremento do turismo de eventos, tão benéfico à saúde financeira dos promotores e do erário citadino, ademais da rede hoteleira, que cresceu, modificou-se e se modernizou. Reuniões científicas de menor contingente assistencial podem ser levadas a efeito, com menor dispêndio financeiro, no velho, e todavia prestante, Centur.

Todos sabemos muito bem como é alto o custo financeiro de conclaves desse jaez. Daí a importância de que todos participem, de alguma forma, para a continuidade dessas realizações, nem que seja da forma mais simples e direta, isto é, associando-se e fortalecendo sua entidade representativa.

A participação dinâmica, vale dizer, a comparecença às reuniões e promoções, é ainda mais desejável e proveitosa para os dois lados.

A participação administrativa, com a aceitação de cargos (e encargos), funções, tarefas, sejam elas de cunho científico apenas, ou puramente organizacional, é o ideal de ajuda e participação que o associado poderá ofertar em prol de sua entidade e da respectiva área de exercício profissional. Sua atividade, nesse sentido, será bem-vinda. A sociedade agradece!

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(*) Médico e Escritor. ABRAMES/SOBRAMES

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Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 11/03/2010
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