A democracia é o melhor dos regimes. Ele garante, pelo menos, a possibilidade de haver uma alternância no poder, com políticos diferentes se sucedendo, de modo a oferecer à população a chance de fazer uma comparação e decidir qual política é melhor ou pior.
No entanto, não é isso o que vem acontecendo no Brasil desde que houve a restauração democrática. O falecido ministro Sérgio Motta, do governo Fernando Henrique, projetava 20 anos no poder para seu partido, que ficou somente oito. Os petistas já estão há dez anos no governo.
E querem continuar por ainda mais tempo, a julgar pelos arranjos que tem feito a presidente Dilma Rousseff. A última foi chamar para os Transportes um político do gosto do PR, de modo a garantir mais tempo no horário eleitoral, na comparação com outros candidatos.
A providência não tem nada a ver com a gestão eficiente do ministério, um dos mais estratégicos para o desempenho do governo. Na verdade, a administração do Estado está em segundo plano; o que importa é reunir o maior número de forças visando à reeleição.
Quase dois anos antes, a campanha já está nas ruas. Nada se faz que não seja com esse objetivo, obrigando outros candidatos a entrarem também na dança. Se as eleições fossem hoje, a presidente estaria eleita, já que o eleitorado não troca mesmo o certo pelo duvidoso.
Mas parece que as coisas não vão ser fáceis, como da primeira vez, para a presidente. O país vai mal e tende a piorar. Ao contrário do que foi prometido, a gestão apresenta as maiores deficiências. A presidente tornou-se prisioneira da política - da má política, bem-entendido.
Pelo seu passado, ela não merecia estar passando por isso. A presidente está sufocando seus melhores ideais no altar do presidencialismo de coalizão, que conduziu o país a práticas como o mensalão. Apesar do processo judicial, o esquema continua a viger a pleno vapor.
Se a economia desandar, não haverá quem possa salvar o governo e a presidente.