Cálculo dos preços de nossos serviços

Introdução

Seja honesto, você também tem uma grande antipatia por aquele “economês” exposto na mídia todos os dias, para explicar a ineficiência da economia Brasileira, não é mesmo? Pois bem! Trago para você uma notícia boa e outra má.

A má noticia é que eles nunca falarão a nossa língua. Que chato não? A boa noticia é que para formar nossos preços, não teremos de entender a língua deles. Basta observarmos mais atentamente a nossa movimentação financeira e aplicar alguns procedimentos.

Primeiramente não somos nós que ditamos o preço do nosso trabalho. Quem diz o preço que poderemos cobrar por aquilo que fazemos é o mercado. Veja que de nada adianta cobrar por um carro popular, o preço de um carro de luxo pois ninguém comprará. Sendo assim para que devemos calcular o preço, se no final é o mercado quem vai dizer o quanto cobrar? Simplesmente porque precisamos saber se cobrando aquele preço de mercado, conseguiremos pagar as despesas e ainda ter algum lucro.

Olha só que moleza! Basta saber:

Quais as nossas despesas em determinado período?

Quanto serviço poderemos fazer no mesmo período?

Despesas

Para realizarmos nosso trabalho consumimos materiais, que são todos os objetos que adquirimos com propósito de utilização direta ou indireta nos trabalhos. Também consumimos serviços de outras pessoas ou empresas. Ainda temos várias taxas institucionais, inerentes aos nosos trabalhos.

Acredite!

Devemos inicialmente fizer uma lista de todas estas despesas que temos e as classifica-las, para iniciar nossos cálculos, mas esta lista também terá outra utilidade, pois com ela saberemos ao longo do tempo, quais destas despesas estão altas ou baixas para podermos atuar sobre elas. Se por exemplo ao analisarmos as despesas, observarmos que o consumo de combustível está muito alto e que as contas de telefones estão baixas. Concluiremos provavelmente, que nos locomovemos muito para atender nossos clientes, quando poderíamos muitas vezes resolver o assunto por telefone.

Eis uma lista bem comum:

Salário de todas as pessoas (inclusive o seu);

Encargos sobre os salários;

Outras despesas com pessoal;

Materiais diversos;

Materiais de escritório;

Despesas com manutenção e reparos;

Fretes, carretos, motoboy, etc;

Impostos e taxas indiretos;

Depreciações dos equipamentos;

Despesas com veículos;

Despesas com treinamento e desenvolvimento;

Despesas com viagens;

Despesas legais e financeiras;

Despesas com propaganda e marketing;

Leaseng de equipamentos;

Honorários profissionais;

Associações de classe;

Telefones, taxas postais, internet, etc;

Aluguéis;

Seguros diversos;

Outras despesas;

Devemos nos lembrar sempre!

Não importa se somos um técnico autônomo, uma pequena empresa com alguns técnicos, ou mesmo uma grande empresa prestadora de serviços. Teremos todas estas despesas e até algumas mais, dependendo do serviço e da localidade e não necessariamente do nosso “tamanho”.

Custo base

Já temos os valores de nossas despesas, agora basta dividirmos o total destas despesas pela soma de todas as horas trabalhadas e de todas as pessoas, vejam que são todas as horas que se trabalha executando os serviços. É comum usar 160 horas (existe aqui uma perda de mais de 25%, o que é normal) por pessoa por mês, para quem trabalha em tempo integral executando serviços. Se você é o dono de uma pequena empresa prestadora de serviços e também trabalha umas três horas por dia, executando serviços nos clientes, faça as contas: 3 horas X 20 dias = 60 horas (não venha com historias, pois sabemos que você não trabalha aos sábados, portanto são 20 dias. Sim senhor!).

Dividimos o valor total das despesas, pela quantidade de horas trabalhadas, obtendo o valor do custo base, por hora de trabalho.

Preço final

Assim o valor do serviço será: o valor das horas necessárias para executa-lo, adicionando-se algum material especifico, para aquele serviço e acrescido dos impostos e do percentual de lucro que queremos

Uma coisa é o salário, que você somará às despesas, outra coisa é o lucro.

O lucro é uma porcentagem sobre o valor total do serviço.

Igualzinho aos impostos não é mesmo?

Se tivermos que pagar comissão a alguém, ela será cobrada assim também.

Mais detalhadamente, no nosso preço hipotético temos:

10% de impostos;

5% de comissão;

10% de lucro;

Estes itens somam 25% portanto, os custos que apuramos pelas horas de trabalho (custo base), representam 75%, do preço final. Uma maneira usual de calcular o preço é dividir o custo base, pelo decimal equivalente ao percentual que ele representa (75% em decimal é 0,75). Por exemplo 10 horas de R$150,00 são R$1.500,00 que divididos por 0,75 e temos:

Preço final 100% =R$2.000,00;

Impostos 10% =R$200,00;

Comissão 5% =R$100,00;

Lucro 10% =R$200,00

Custo Base 75% =R$1.500,00

Conclusão

Se o cálculo nos der um preço acima do preço de mercado, ou tiramos fora o Lucro por exemplo (alguns trabalhos podem ser importantes por várias razões que justifiquem não termos lucro nele), ou diminuímos as despesas (Lembre-se! Tirar os itens de despesas da lista, ou atribuir valores baixos e continuar a tê-los na prática, o levará à falência).

Caso nada disto faça o preço ficar dentro do preço de mercado, então não adianta aceitar o serviço.

Por outro lado se o preço fica muito abaixo do preço de mercado, devemos inicialmente rever nossos cálculos, persistindo o preço abaixo do mercado, então podemos oferecer descontos extras, ou ter lucro extra.

Bem!

É isso aí!

Cobrando o preço correto e sabendo para onde vai cada centavo deste dinheiro, todos ficaremos felizes!

É isto mesmo!

Podemos usar aquela lista que fizemos, para distribuir o dinheiro recebido pelo serviço. Assim no final do mês, cada item de despesa terá sua verba reservada tranqüilamente.

Parabéns pela persistência de chegar até aqui.

Felicidades a você!

Copyleft (C) Sincero Zeferino Filho (Oheremita)

Oheremita
Enviado por Oheremita em 15/04/2007
Reeditado em 15/04/2007
Código do texto: T450147