DEPUTADO CARLOS GIANNAZI LANÇA PROJETO DAS COTAS SOCIAIS E ÉTNICA NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO!!!!

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To: carlosgiannazi@uol.com.br

PROJETO DE LEI Nº 208, DE 2009

Institui cota para alunos egressos de escolas públicas

para ingresso nas universidades públicas estaduais e nas

faculdades de tecnologia e estabelece cotas sociais.

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO

DECRETA:

Artigo 1º - As instituições públicas estaduais de educação

superior reservarão, em cada concurso de seleção, para ingresso

nos seus cursos, no mínimo, cinquenta por cento de suas

vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o

ensino fundamental e o médio em escolas públicas.

Parágrafo único - A comprovação do pré-requisito deverá

ser feita mediante a apresentação do histórico escolar ou do

certificado de aprovação.

Artigo 2º - Em cada instituição de educação superior, as

vagas de que trata o art. 1 desta lei serão preenchidas por uma

proporção mínima de autodeclarados negros e indígenas igual

à proporção de pretos, pardos e indígenas na população do

Estado de São Paulo onde está instalada a instituição, segundo

o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística - IBGE.

Artigo 3º - As instituições de educação terão o prazo de

duzentos e quarenta dias para se adaptarem ao disposto nesta

Lei.

Artigo 4º - O Poder Executivo promoverá, no prazo dois

anos, a contar da publicação desta Lei, os ajustes necessários

para adequação das escolas.

Artigo 5º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

JUSTIFICATIVA

O debate sobre o racismo ainda é um grande tabu na

sociedade brasileira, na medida em que ela não assume que as

desigualdades sociais têm um fundamento racial, apesar de se

constatar tal discriminação institucional, apenas verificando os

indicadores relativos a renda, educação e saúde.

Esta postura além de manter vivo e atuante o mito da

democracia racial, agrava-o ainda mais, pois não temos um

campo sólido e nem tradição de discussão sobre as ações afirmativas,

principalmente na esfera acadêmica. Talvez, por isso,

ocorra tanta polêmica em torno do sistema de reserva de

vagas para negros nas universidades. A discussão sobre o

racismo no Brasil ainda é um tabu.

Portanto, as ações afirmativas ao se inserirem neste contexto

de luta pela emancipação e ascensão da população

negra na sociedade brasileira, devem ser entendidas como um

conjunto de medidas especiais, adotadas pelo Estado e/ou pela

iniciativa privada, para combate as desigualdades raciais, de

gênero e de outros grupos minoritários, corrigindo os efeitos e

defeitos da discriminação praticada no passado e no presente,

concretizando a efetiva promoção da igualdade de oportunidades.

etedr entendidas nida O racismo existente na sociedade

brasileira é o maior entrave para a efetiva implantação destas

medidas especiais.

Incluindo pardos e pretos segundo a classificação do IBGE,

no ano de 2004 essa fatia da população correspondia a 28,3%

dos 39,3 milhões de paulistanos. Segundo pesquisa do DIEESE

(Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos

Socioeconômicos) realizada em novembro de 2007 mostra que

na região metropolitana de São Paulo a proporção de não

negros (18,9%) com acesso ao ensino superior é quase 5 vezes

maior do que a de negros (3,9%).

Em relação às causas do pequeno acesso de “negros” nas

universidades, principalmente nas públicas, podemos destacar

a seletividade do Vestibular, que privilegia conhecimentos conteúdistas

e etnocêntricos, beneficiando somente o segmento

étnico branco pertencentes as classes socioeconômicas mais

elevadas, com capacidade de oferecer não só treinamentos

específicos para o Vestibular, como os cursinhos pré-vestibulares

pagos, mas também toda uma infra-estrutura de apoio

como bibliotecas, computadores com acesso a internet, material

didático especialmente criado para esse fim, etc.

As dificuldades impostas para os candidatos negros que

passam por situações econômicas precárias, o que implica em

pouco tempo para dedicação exclusiva nos estudos preparatórios;

o turno em que cursou a escola secundária (provavelmente

o curso noturno), onde sabemos que a qualidade de ensino

é prejudicada pela própria condição física dos alunos, a natureza

dos estabelecimentos, públicos e privados, de primeiro e

segundo grau em que se estudou.

» verdade que não se deve responsabilizar a universidade

pública por todas as graves distorções sociais existentes no

país, porém a universidade pública, num país com as características

do Brasil, deveria ser, antes de qualquer coisa, uma

usina geradora de idéias que auxiliasse a reduzir a colossal distancia

social existente entre os grupos étnicos formadores

dessa nação.

O principal argumento contra as cotas para negros no vestibular

é que o mérito deve ser critério exclusivo de seleção

para a universidade. Este parece ser, não só o principal argumento

contra as cotas, mas, talvez, o mais difícil de ser contraargumentado,

por estar baseado em uma lógica meritocrática

injusta e sem bases científicas. Ninguém é contra a tese de que

o talento, a inteligência, a excelência, entre outras qualidades

dos estudantes, são características desejáveis aos candidatos

para a graduação nas universidades estaduais como USP,

Unicamp, UNESP e nas Faculdades de Tecnologia, contudo,

faz-se necessário refletir os parâmetros geradores desse pretenso

mérito, ou seja, quais as condições diferenciadas que os

produziram. Seria justo tomar como iguais àqueles estudantes

que tiveram todas as condições normais para cursar o ensino

fundamental e médio, e passaram no vestibular, ou aqueles

que, apesar das barreiras raciais e de outras adversidades em

sua trajetória escolar e de vida, conseguiram concluir o ensino

médio e estariam também estão aptos para cursar uma universidade,

se não fossem barrados pelo excludente vestibular?

Não há nenhum mérito especial, por parte de um adolescente

que tudo tem (carro, mesada, academia de ginástica,

diversão, cursa idiomas, cursinho e professores particulares),

ou seja, um supercandidato, passar no vestibular. Falar de

mérito em uma disputa de um verdadeiro jogo de cartas marcadas

é reduzir o debate e não cultivar o necessário e justo

valor humanístico que envolve a questão. Nestas condições,

tomada a atual lógica meritocrática, seria então plausível afirmar

que os alunos possuidores de uma história de vida com

imensas dificuldades de inserção, mas que conseguiram passar

no vestibular de uma universidade pública são muito talentosos,

ou se quisermos, tem mais méritos do que os alunos das

escolas privadas, visto que conseguirem superar mais barreiras

ao longo das suas trajetórias escolares.

Recente pesquisa do instituto Datafolha mostra que a

maioria dos brasileiros concorda com o mecanismo de reserva

de vagas nas universidades federais (públicas) para alunos de

baixa renda, independente da etnia. 75% dos entrevistados é

totalmente favorável à idéia e outros 11% concorda em parte.

Apenas 10% discordam, totalmente ou em parte, do regime de

cotas.

Também é alto o percentual dos que manifestam concordância

com a idéia de que “as cotas para negros nas universidades

são fundamentais para ampliar o acesso de toda a

população à educação”, 62%.

A discussão sobre Reserva de Vagas voltou com força nas

últimas semanas após a aprovação, na Câmara dos Deputados,

de projeto de lei que instituiu o regime de cotas de 50% das

vagas nas universidades federais para alunos que fizeram seus

estudos nas escolas da rede pública.

Esse apoio aponta um entendimento da população de que

é importante democratizar a universidade, ainda hoje, um

espaço para poucos. A abertura da universidade e sua popularização

são dois fatores essenciais para o crescimento do país

e de seu povo.

É no bojo dessa discussão e na esteira do projeto que

caminha no âmbito federal que apresentamos nosso projeto de

lei com a intenção de transformar a universidade em um espaço

verdadeiramente democrático, permitindo o acesso dos que

sempre estiveram excluídos historicamente do processo decisório

deste país e com capacidade de produzir conhecimento na

busca de uma sociedade mais justa e igualitária.

Solicitamos aos nobres colegas apoio a este projeto.

Sala das Sessões, em 31-3-2009

a) Carlos Giannazi - PSOL