Passalo

Passalo

ou/e pássaro - As

Rãs da Memória

baseado na frase do JCamor

"quem tem a mão no chicote"

nos barcos pesqueiros descubro os sonos algarvios

à borda d'água nas belatinas as palavras são passagens

azul claro da ilha para casa numa palavra giratória

um pouco á margem há uma presença de água as

lágrimas e o amor,como o fado da neve fresca no

verão na rabiosa a porta está sempre aberta e

ninguém chega à borda do barco com o candil

pássalo camarada na revolta permanente, pássaro

somos pescados e pescadores, homens e peixes

é a presença da jangada de pedra e da luz na água

a superficie , as rãs da memória,fracturas solares,

o que escreve um poema sem um espelho na luz dos

olhos não escreve como passalo como passaro inocente,

a frescura na fresta sobre o que quero e não sei escrever

é um cavalo cego que me incorpora coincide

a linha do pôr do sol com a linha do horizonte

entardece – quero-te tanto, numa energia fértil

canto no barco o casario de Armação onde nasci,

no castelo e na casa alcantilada até

ao porto-de-abrigo, nos sonos do sol

___________________________________________________

algarvios – barcos pesqueiros

belatina – banco pesqueiro

borda do banco – banco pesqueiro

candil – arte de pescar com luz

rabiosa – mar picado

José Gil

http://dialogosdogil.blogspot.com/

http://dialogosdogil.blog-city.com/

José Gil
Enviado por José Gil em 24/07/2006
Código do texto: T200982