Um preto tesouro

Benedito olhava fixamente para a grande e velha porteira. A roça era sem dúvida o seu lugar predileto.

Casado há 36 anos com Raquel do fruto desde relacionamento tiveram dois filhos, sempre batalhador, começou trabalhar aos 08 anos, como lenhador.

Agora passara exatamente 59 anos a vitalidade era a mesma de quando menino, a menos de três anos havia adquirido um pequeno terreno, onde construiu uma casa com cinco cômodos, um lugar muito agradável, cercado de árvores, um quintal amplo, e com um belo fogão a lenha, onde Raquel fazia deliciosas guloseimas.

Já havia colocado sua roupa típica para trabalhar no campo plantando eucaliptos, caminhando naquela estreita estrada de terra, o sol já dançava no céu azul onde nenhuma nuvem arriscava aparecer.

Com a enxada sobre o seu ombro esquerdo e com uma caixa lotada de mudas de eucaliptos sobre o ombro direito ele percorria aquele terreno íngreme com trilha formada devido a passagens constantes pelo local.

Neste dia não seria diferente dos outros, com o movimento brusco a lamina da enxada bem amolada arrancava lascas de terras com uma única missão: fazer covas e muitas por sinal, no dia seguinte com a ajuda de Adriano seu único companheiro haviam feito aproximadamente 400 covas.

Benedito, assim que chegou ao local colocou a caixa e a enxada no chão e deu um longo suspiro.

Adriano, sentado no chão estava ofegante, suor escorria pelo seu rosto e a camisa estava encharcada o que não era diferente com Benedito.

O jovem rapaz disse: - Dito, estou quase terminando faltam mais duas covas e já estou descendo para pegar mais uma caixa.

Benedito, respondeu: - Hoje o serviço tem que render novamente, embora este sol esteja castigando.

A pequena plantinha envolta na terra realçava o terreno coberto pelo capinzal, ele com os joelhos dobrados com a mão ajeitava a terra como se estivesse ajeitando uma criança no berço.

Assim que Adriano terminou e começou a descer, Benedito começou a dar enxadadas na terra, depois de alguns minutos ele já havia aberto inúmeras covas.

Adriano voltara rápido, com as pernas bambas e a respiração curta depositou sobre o chão a caixa, enquanto Benedito agora estava sentado com a caneca tomando água.

Daqui cinco anos começo se Deus quiser colher frutos desta pequena plantação disse Benedito, pretendo então comer um angu ainda mais saboroso.

Adriano sorriu, pois já estava acostumado com as brincadeiras daquele homem integro e de um coração extraordinário.

Quando Benedito levantou sentiu um liquido escorrer pela sua perna, assustado ele olhou rapidamente para a sua calça e constatou um liquido de coloração preta.

Olhou no lugar onde estava sentado e pode ver o liquido escuro escorrendo por toda a terra, precisamente onde havia começado a abrir uma cova.

Curioso, rapidamente pegou a enxada e bateu sobre a terra, agora o liquido vinha com mais intensidade em pequenos jatos, quando ameaçou a bater novamente, uma enxurrada levantou no ar, assustando Adriano, que deu um pulo para trás, e disse: - Que negócio é este seu Dito?

O sorriso maroto brotou em seus lábios enquanto o homem agora estava apoiado com os dois braços no cabo da enxada respondeu:

-Acabei de encontrar o tesouro.

LUVI
Enviado por LUVI em 05/05/2011
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