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Ah, doce sonho... Ah, vida cheia de senões e lamentos!

Deus não somente escreve – ele esculpe – com maestria!

Revejo todas as fotos, todas as poses, todos os detalhes...

Invariavelmente, exorbita uma beleza transcendente, o talhe.

Auscultar o coração é tarefa singela, cheia de sinestesia.

Navegar, todavia, no embaraço do sonho é sofrimento...

Afinal, viver o prazer da poesia se concretiza na dor da ausência?

Deixe-me a delicadeza da esperança, a sutileza da porta aberta...

E, quando deitar, silente, sinta-me à sua espreita, sem pressa.

Meu toque está na carência, mas se eterniza neste verso.

O que busco, sem presunção, é esse sorriso vermelho...

Rutilante, de lábios destacados pelo batom, emerge o vulcão!

A boca, como sentido... É dela e por meio dela que sorvemos:

Esperança – do toque; desesperança – do indigesto ”Não quero!”

Sofro e me revelo, sem pressa, na minha ansiosa solidão.

Beijar uma tela fria, quando se tem tanto calor imanente,

Enfraquece o torpor do gesto sofrido, ampliando a busca.

Zunindo dentro de mim existe uma sina que me diz:

Espere com prudência, tenha paciência, a vida é assim...

Respostas apressadas, declarações desmedidas, sem fim.

Revelam que, apesar dos receios e dos medos, por um triz,

Alardeamos ao mundo nossa devoção, completamente.

Juazeiro do Norte-CE, 10 de outubro de 2012.

17h06min

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 10/10/2012
Reeditado em 16/10/2012
Código do texto: T3925807
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