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E me vens tão de repente, e me devora como a um leão faminto sob o céu do meu quarto, numa exaustão de amizade, amor, paixão e sexo, cujos segredos cabem a ti. Me beijas com a lingua que não é de beijar, me bate, me espreme, me invade sem nenhuma compaixão, tão furioso me fazendo pecar e as marcas dos meus pecados estão expostas em meu pescoço, meu ventre, teu colo.

Eu não nego o que tu não me pedes, pois teu corpo explica quaisquer razões irracionais - sendo um alguém que eu nunca desejei ser, embora toda essa explosão me agrade. E logo após a euforia de nossos corpos, a minha alma se desmancha num choro sangrento, duma parte ferida, e nestes instantes tu estas ali, tão paciente, tão atencioso, me segura em teus braços, enxugas minhas lágrimas com as mesmas pontas dos dedos que cheiram a gozo resplandecente, indecente.

Tu tão delicadamente me apanha por entre teus braços e teu peito, tão singelo aconchega minha cabeça em teus ombros e fica ali, sem qualquer intuito, até o choro findar e depois diz que me adora e se despede com um beijo na testa.

E eu sei que amanhã retornarás, novamente como a um leão furioso, comendo todos os meus segredos e dando um novo sentido a tudo, também sei, que se eu chorar o teu ombro estará sob minha cabeça esperando o toque sutil de minhas lagrimas molhando a camisa.

Por nossas madrugadas, termina reversamente o que iniciou pela manhã, ou como aqueles tantos ontens que tivemos - sexo, paixão, amor e amizande, que não se perdeu mesmo com o avanço da intimidade, transportando-me conforto e segurança, me fazendo acreditar em esperanças tudo novamente. Mas o que a dor antiga me suplica esse cetiscismo que sobrepõe em mim ao relembrar tons musicais, no entanto não estou no abrir e nem fechar dos olhos, mas naquele vão de um simples e complexo piscar.

Sophia Welcker