Sem nome
Lembro-me ainda muitas coisas de Oásis, ando pela areia fresca das dezenove horas, deixo que a água da maré fria circule pelos vãos dos meus dedos, para compor uma cena de um final com pôr-do-sol (Oásis é aquele que passou noites observando o reflexo do luar em meu rosto, enquanto eu dormia). Quero livrar-me da pressão de meus prelúdios. Eles são tão intensos, porque não têm forma e possui em si sobre mim, aquela grandeza que temos o habito de atribuir ao esperado “amanhã” – sempre de uma perspectiva positiva, sabendo que menos da metade de nossas escolhas têm a chance de dar certo. Agora Oásis virou algo semelhante a prazer em meio ao desespero - condolência. E a isso, não há nada a fazer, apenas catalogar as coisas que preciso fazer de ontem pra hoje:
Neste exato momento:
-Lançar folhas secas de flor-do-campo do Arpoador
-Deixar o controle do portão na caixinha do correio
-Colocar água para os cachorros
-Usar pó-de-arroz
-Caçar vaga-lume, e soltar pelo quarto a noite
-Ler Rimbaud
Antes:
-Correr em volta da casa, soltando flocos de algodão, fingindo que nesta estação neva.
-Dar Bom dia ao vizinho
-Deixar a janela aberta, para que eu fique contra o vento. Não há por que ter preocupações, afinal existe grades na janela.
-Calar a minha parte incorpórea
-Escrever-lhe um idílio (como aqueles bilhetinhos antigos que eu espalhava pela casa) e colar na porta a espera de sua chegada, embora a tempestade chegue antes e o leve dali.
-Chorar ao prometer que na próxima noite eu me atiro da sacada se ele não voltar.
- Praticar Yoga
- Espalhar cristaizinhos de açucar pela mesa para as formigas...
Depois:
-Voltar pro eletromagnetismo e sublinhar tudo o que for sem importância e;
- Aprender...
- Aprender...
-Aprender...
Por Fim:
- Sonhar
- Ver que horas são pra Clarice.
Sophia Welcker.