Aforismo

Campo Grande, quem me dera ter-te

Para plantar os meus preceitos de tulipas verdes

E colher-te os folículos de aveia e trigo

Para compor um hino de minhas dores.

Campo Grande, de que mato espesso surgistes?

Sul - rumo aos meus horizontes perdidos?

Quisera eu peregrinar pelos caminhos

Dos corações dolentes, que em teus jardins floridos habitam.

Campo Grande, és parte desta tríade lexical?

Dos adágios de Rubenio Marcelo?

Do carreirinho de Manoel de Barros?

Da virilidade de Alencar?

Floresça em ti! – Oh, Grande Campo!

Pétalas outoniças de minha história e que

Elas sequem em teus solos nos tempos gélidos,

Renascendo num novo solstício - num tempo cálido.

Dum deserto sombrio fez-te pastos verdejantes,

Fostes pão e água nos lábios do estrangeiro febril,

És feita de lágrima e suor de teus desbravadores.

- Oh, Grande Campo, não permita que urbanizem teus jardins,

Deixe que girassóis despontem para a luz do sol,

Que vaga-lumes iluminem teus sentimentos noturnos.

- Oh, Grande Campo! Perdoa minhas desmesuras,

Neste despertar sob as macieiras,

Nesta poese escrita em folhas de laranjeiras.

Sophia Welcker.