A DECAPITAÇÃO DO HOMEM E O FUTURO DA HUMANIDADE

A DECAPITAÇÃO DO HOMEM E O FUTURO DA HUMANIDADE

A macabra imagem que vimos, de um jovem sendo barbaramente degolado por um indivíduo, induz-nos a analisar nosso futuro...

Decapitar um ser humano, com ampla divulgação para bilhões de espectadores, constitui a mais degradante ação que já presenciamos.

E nesse tempo de incertezas, de guerras por desamor, quando nossos irmãos padecem de tantas injustiças, para onde caminhamos?

Combates sangrentos são divulgados através dos noticiários, e a violência alcança níveis insuportáveis, e sem qualquer perspectiva.

A espécie humana, ameaçada por tantas mazelas, vendo os alimentos escassearem e a água rarear, precisa voltar-se mais para Deus.

Para aumentar o desespero, espalha-se por países da África Ocidental a epidemia de febre hemorrágica, transmitida pelo vírus ebola.

Impossibilitados de combater a doença, devido à carência de recursos, Libéria, Serra Leoa, Guiné e Nigéria, convivem com a doença.

Trata-se evidentemente de uma emergência de saúde pública mundial, dada à letalidade do vírus, que já matou mais de 1600 pessoas.

A imagem do homem, com uma lâmina no pescoço, ao lado de seu carrasco, reporta-nos à desunião da sociedade, diante da morte.

Como um menino bem comportado, olhava para seu verdugo, já sem qualquer esperança de escapar do golpe que lhe ceifaria a vida.

Ao mesmo tempo em que recebemos a notícia, vemos guerras na Líbia, na Palestina, na Ucrânia e em várias outras regiões da Terra.

O homem demonstra estar mesmo disposto a extinguir sua espécie, e não poupa esforços para por em prática seu diabólico plano...

Diante de tanta maldade, a única esperança consiste na melhor distribuição da riqueza humana, para reduzir as enormes disparidades.

O estigma deste século tem sido a exacerbada injustiça, que gera o ódio, que provoca guerras, gera a maldade e alimenta monstros.

Homo sapiens, criado à imagem e semelhança de Deus, dotado de inteligência, não há como justificar agressões ao nosso semelhante.

O ser humano precisa rever seus conceitos, para que, diante de tantas ameaças, tenhamos condições de superar essas adversidades.

Mas o animal que existe em nós aflora quando nos sentimos ameaçados, induzindo-nos a partir para a agressão, queremos vingança.

E o sangue que jorrou daquele jovem maculou a humanidade, por conivência com as maldades que cotidianamente cometemos.

Muitos sofrem enquanto outros se locupletam, num sistema realimentado por interesses corporativos, em detrimento do mais pobre.

E ao seccionarem a jugular daquele rapaz, nosso sangue também jorrou, pois a culpa também nos cabe, por nossa indiferença.

O mal que gerou aquela covardia teve origem no nosso egoísmo, no condenável desejo de acumular bens que escasseiam aos pobres.

Ficou mais triste, indubitavelmente, a vida em nosso Planeta, depois que a lâmina assassina cortou a carótida do nosso irmão!...

Urge, pois, que emirja um grande movimento, envolvendo as principais lideranças mundiais, para tentar estancar o sangue que jorra.

Tanta gente inocente sofre diante da intransigência de inescrupulosos déspotas, que manipulam povos em benefício de suas idéias.

Uma vez decidida a pena de morte daquele jovem, não lhe foi oferecido um julgamento justo, uma pena compatível com seu delito.

Roguemos a Deus para dar forças à família enlutada, e associemo-nos à sua dor, que a todos nós alcança, em menor intensidade.

O homem, com essa atitude, finda por julgar-se acima das leis e da ordem, e as conseqüências com certeza serão muito drásticas.

De todos os ângulos em que tentemos analisar o atentado à civilização, conclui-se que houve uma involução na sociedade humana.

Afinal, constata-se que entre os seres que habitam nosso Planeta, existe alguém capaz de por em risco o progresso que almejamos.

Havia nos olhos do jovem prestes a ser barbaramente assassinado por seu algoz um semblante de resignação diante do inevitável.

Uma prece que fez a Deus, imagino, permitiu-lhe a tranqüilidade que repassava, certamente para sua genitora, no derradeiro momento.

Mas nós ficamos todos órfãos, diante do brutal assassinato do jovem que, na cena, estava impregnado de toda a maldade humana.

A lâmina que lhe encurtou a vida conduzia o veneno que corre em nossas veias, subtraindo ao moço qualquer chance de defesa.

Nada impedirá que aqueles que decidiram matá-lo continuem barbarizando outros, para punir-nos por nossos seculares pecados.

Irmanados pelos sentimentos que atualmente nos atormentam, procuraremos apoiar medidas visando punir os culpados pelo crime.

Debalde, entretanto, procurar no revide ou castigo uma solução para alterar o secular ódio acumulado, que gerou toda essa violência.

A humanidade precisa conscientizar-se que o próprio homem, com seu orgulho e vaidade, criou mecanismos para seu próprio fim.

De nada adiantará agora tentar reverter o processo desencadeado desde os primórdios, quando as injustiças foram se acumulando.

E a cabeça do inocente que cortaram representa a vida de toda a espécie humana, ameaçada pelos erros do próprio homem.

João Augusto Maia Gaspar

Em 29.08.2014