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Aquela velha imagem de um baile de máscaras, posto ao luar de uma poesia, a chama de um pequeno vaso, a sombra de uma escuridão, faz-se inexistente a camuflagem de um interior desconhecido, ao dizer-se desprendimento humano.

Imperfeita simetria exposta às paisagens atlânticas,num tempo em que as ações não estavam acabadas, mas eu sabia que tudo era belo; o baile, as máscaras, as luzes, o mar, até os mascarados que se desmascaram no final, no entanto, não estava preparada para absorver qualquer coisa que fosse externo. Manter-me de fora para dentro, é o maior obstáculo do que chamo de desconhecido.

Engano-me facilmente com as imagens disparatadas que me presenteiam como flores de inverno, nasce sempre uma bela melancolia ao vê-las irrealizadas, cultivo-as em folhas brancas ou amarelas, de preferência amarelas, para dar forma as letras.

Haveria em mim tanta primazia se chovesse antes dos bailes de máscaras, se aquelas fantasias fossem feitas de guarda-chuvas, se as músicas compartilhadas fossem de artes outoniças, se as danças fossem de galhos secos, os sorrisos de ares cinzentos, se aquela palma fosse uma rosa rara sem espinhos.

Não compreendo, incompreender-me, minha alma tem uma cor – incolor. “Or”: de teor, de sabor, de dor. De Amor? Não. Entre essa palavra e eu, prefiro encolher os ombros, abaixar a cabeça, encolher as pernas e vestir-me sob um edredom, ao invés, de ter aquela velha imagem fotografada em um baile de máscaras. Dedicar-me a minha miscelânea, com ladrilhos que roubo freqüentemente das paredes da memória e compilando-os numa esfera de metal, talvez, eu consiga compor alguns versos com um final feliz.

Devo deitar-me, preparar-me para o amanhã que não será como antes-de-ontem, que por uns segundos, amei coisa nenhuma - como quase alguma-, concentrar-me-ei naquelas fotografias que servem de imagens para uma lembrança sem fim.

Sophia Welcker.