....II

Num lapso encontrei em Amélie, os olhos de Cabiria, os sonhos de Cabiria e delas emergiu o eterno niilismo de Talita. Aquela descrença absoluta, rompida pelos olhares daquele vangoguiano, que expulsa dos olhos para fora a minha inquietude e eu, ainda não sei definir o que sinto.

Passei representar uma pessoa que desempenha o primeiro lugar num acontecimento, embora tão desconhecida de si, no entanto atua perfeitamente sem ao menos ler o roteiro, como essa gente comum que encontramos pelas ruas da cidade ao acatar qualquer papel na esquina. E esse meu cuidado extremo com que executo meu papel, tornou-me um verdadeiro clown de um palco rústico e vazio, ora com uma platéia pensante, sem gargalhadas com salva de lágrimas no final do espetáculo, ora sou apenas um entretenimento nas tardinhas de quinta.

E no final de um espetáculos desses , um garoto com cores que confundia os olhos, veio em minha direção, esperou-me descer do palco e me perguntou: Como vive? E eu disse sobrevivendo, sobrevivendo...Mas eu tenho um poema escrito que satisfaz meu intimo místico.

Sobrevivendo...Sobrevivendo....

Ele foi à utopia mais próxima que conheci. Num pequeno instante a única quimera que tive. Aquele amarelo vangoguiano, sem a vogal “a” em “guiano”, me fez Amélie, Cabiria, Talita no ínfimo do último espetáculo cercado de paredes. Agora eu posso ser um palhaço de praça.

Sophia Welcker.