Poesia para uma pedra

Silencioso segue o séquito 
Na manhã chuvosa e tristonha 
Entre os labirintos dos túmulos 
Adormecem flores, pedras e lembranças 
A pequena multidão cessa a caminhada 
A hora derradeira é chegada 
Tempo de orar pela partida 
Os últimos laços de adeus 
Ante o jazigo funesto e cinza 
Uma cruz encravada no alto 
Súplicas pelas bênçãos de Deus 
Flores incolores adormecidas 
entre velas derretidas 
empobrecidas luzes bruxuleantes

sombras aterrorizantes 
Ao derredor lamúrias e lágrimas 
No canto fúnebre a hora sombria 
Derradeira despedida

Para sempre se foi uma vida. 
Rezas em forma de poesia 
Diante da branca lápide fria 
A poesia para uma pedra. 

Maurélio Machado


POESIA PARA UMA PEDRA


Pedra que fechou sepulcro
Ocultou três dias o Senhor
E tudo feito por amor
Sabia que ali não permaneceria
Inda a todos salvaria
A vida a partir daí eternizou

Para nós torna-se silêncio
A cada um que daqui parte
Recobre nossa morada
Alivia a dor sem alarde

Uma pedra no caminho
Muito tem a dizer
Assim como obstáculos a transpor

Pode ser de um adeus
E também de aprendizado
De cada uma que encontramos
Revela que temos muito que aprender
Até que ela se transformaria 
   em poesia.


Angélica Gouvea


 
ANGELICA GOUVEA e MAURÉLIO MACHADO
Enviado por ANGELICA GOUVEA em 20/05/2015
Código do texto: T5248633
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.