CONTOS REFLEXIVOS DO ANDARILHO O PODADOR DE ÁRVORE.

Segue o viajante em sua jornada, tudo tranqüilo tudo segue a ordem natural o mundo não fica estático a rotação e a translação movem o sistema que depende dos sistemas e assim o ciclo vai se repetindo.

Já são quase onze horas, o andarilho se refresca debaixo da sombra de uma arvore. De repente um homem o chama.

Ei moço já almoçou.

O andarilho responde.

Não.

O homem chama o andarilho e lhe oferece uma marmitex.

O viajante aceita e agradece.

E ali juntos todos iniciam o almoço.

São seis ou sete homens que podam as árvores que atrapalham a rede elétrica.

Todos rindo e brincando.

O homem que chamou o andarilho e o motorista do caminhão, ele sorrindo diz ao andarilho já ter passado situação semelhante, e sabe das dificuldades e imposições que a vida submete aos seres que estão em constante evolução.

O clima e de paz e harmonia, o motorista diz ao andarilho que a vida dele e dos irmãos não foi fácil, que passou por todos os tipos de privação e sofrimento que a vida pode oferecer aos seres deste plano.

O andarilho a tudo ouve sem se manifestar, e fala ao motorista. Não tem vitoria sem batalha, mesmo que a guerra seja contra você mesmo ou a própria vida. O que vai contar e a forma com que você se posiciona diante dos problemas que surgem no decorrer de sua jornada existencial.

O motorista sente confiança no ouvinte e começa a contar sua historia de vida, com muita simplicidade e humildade.

Minha mãe morava no interior levava uma vida pacata, quando conheceu um homem casado, e em um breve romance ela engravidou dele, a esposa do homem fez com que ele se transferisse de cidade.

Assim vim ao mundo, ignorado pelo pai e sem importância para mãe, mas com a sorte de ser guiado por seres superiores que somente interferem em uma vida no intuito de guiar e iluminar o caminho daquele que segue sua caminhada rumo à evolução espiritual.

Durante um tempo trabalhei na roça, vivendo como dava, o serviço era pesado, mas as forças vinham não sei de onde para que eu pudesse cumprir com minha missão, ate que chegou um tempo que tivemos que vir para capital.

O que parecia ser uma melhora tornou se um calvário, pois eu e meus irmãos vivíamos abandonados, foi um tempo difícil, mas como nada e para sempre passou, me lembro de um dia em que eu e meus irmãos ficamos sentados no meio fio debaixo de uma forte chuva.

Minha infância se transformou em uma adolescência amarga, vivendo como dava, era molho de mamão, farinha com açúcar, um pão dividido com fita métrica.

E os trabalhos eram de engraxate, catar restos de feira, vender laranjinha, catar ferro cobre alumínio em calçadas e montes de lixo.

Não foi fácil, pois não tinha pai e nem amor de mãe, e eu e meus irmãos servíamos de saco de pancada, as roupas que usava vinham de doações de pessoas que estavam na mesma situação.

Foram muitas as tardes em que eu tomava banho e sentava no portão esperando meu pai chegar, o que nunca aconteceu.

Sonhava com uma bicicleta, com meu pai ao meu lado nas festas da escola, mas isso nunca passou de sonho.

O andarilho sente tristeza na voz do locutor, mas não percebe magoa, e ao mesmo tempo sabe que não e uma historia única, pois já ouviu muitos relatos semelhantes a este, mas o que tocou fundo foi à vontade de vencer do locutor.

Uma pessoa simples e humilde, que tinha tudo para se tornar um bandido, mas foi em direção contraria ao senso comum, e se tornou uma pessoa forte e determinada.

O locutor continua sua historia, com voz firme e determinada, e a face desgastada pelo sol e os anos de sofrimento que a vida lhe impuseram.

O andarilho vaga em seus pensamentos, mas sem perder o mínimo detalhe.

E assim a historia continua.

E meu amigo a infância foi difícil, a adolescência um pouco pior.

Mas quando fiquei adulto e consegui encontrá-lo, a decepção foi pior ainda.

O andarilho fica curioso devido ao semblante do locutor, e pergunta o porquê de tanta tristeza.

A história parece não ter fim, mas o locutor continua.

No dia em que fui pedir a ele que me registrasse para que eu tivesse o nome do meu pai na identidade ele me colocou em duvida, pediu o DNA e falou que eu queria era apenas dinheiro.

Mas tudo que eu queria era um pai, e ele não entendeu, mas o resultado deu positivo e ele teve que me registrar.

Procurei-o uma segunda vez e o tratamento foi ainda pior, ele mandou a policia checar para ver se eu tinha passagem, e disse que eu era um estranho.

E nesse dia o meu irmão, ou melhor, o filho dele estava junto, e meu próprio irmão me chamou de bastardo.

E eu lhe fiz uma pergunta. E se ele fosse casado com minha mãe e você fosse o filho da amante, então o bastardo seria você.

Mas tudo bem não posso fazer nada, só quero que se lembre meu irmão que eu sou mais velho que você. Vou embora continuo sem ter o que nunca tive, e você teve de tudo inclusive um pai.

Com o coração partido e o orgulho ferido segui meu caminho, pois não me restava outra opção.

O tempo se passou, encontrei a mulher que era para ser a rainha do meu lar, todos os amigos foram contra mim me disseram que eu iria me arrepender da escolha.

Não ouvi, pois estava cego de paixão, e imaginei que todos estavam errados e que meu coração e que estava certo.

Namorei e me casei com ela, no inicio foi tudo muito bom já estava achando que todos estavam errados.

Mas apos algum tempo e dois filhos descobri que ela me traia, foram dias amargos, não foi fácil me desvencilhar desta armadilha do destino, mas acabei conseguindo.

Algum tempo depois da separação ela foi à minha casa e pegou um dos filhos,sem me dizer nada, apenas deixou um recado marcando um encontro comigo em uma praça próxima a nossa antiga casa.

Achei estranho e chamei dois amigos meus para me acompanharem de longe, quando cheguei ao local do encontro percebi que era uma armadilha e se estivesse sozinho não estaria aqui lhe contando esta historia de vida.

O andarilho percebe que a historia não e tão comum, e pergunta ao homem.

E ai amigo o que fez.

Eu tive que lutar com os covardes que foram ate La para me matar, e se estivesse sozinho teria morrido, e apos sair daquela armadilha do destino peguei meu filho e voltei para casa.

O andarilho pergunta sobre a mulher.

O locutor lhe diz que apos o acontecimento e mais alguns anos tornou a reencontra La. Ela já tinha dado a luz a mais seis crianças alem das dele, estava suja bêbada e fedendo, e os outros filhos haviam sido dados a outras famílias.

O andarilho quer falar algo, mas prefere o silencio, pois o que um sábio pode fazer em um momento como esse e apenas ouvir.

Mas isso não e tudo meu amigo, um dos meus filhos nasceu com alguns problemas de saúde, apesar das dificuldades e da falta de dinheiro eu não os abandonei.

Pelo contrario tive mais forças ainda, eram dias e noites vagando de hospital em hospital com meu filho nas costas, sem dinheiro de passagem de ônibus, não tinha como comprar os remédios, ou fraldas descartáveis.

Não tinha como ser pior, mas o destino ainda tinha algumas cartas na manga.

Ate que um dia o pior aconteceu.

O andarilho já não aguenta mais tanto sofrimento, e pergunta ao locutor.

Amigo o que de pior poderia acontecer.

O motorista já com os olhos rasos d’água lhe responde.

Meu caro minha mãe vendeu o lote onde nos morávamos, por pior que fosse eu tinha um teto para esconder meus filhos da chuva, ela me prometeu dez mil do dinheiro para que eu fosse me virando como desse.

Mas apos a venda concluída ela me deu cinco mil, era muito pouco.

E apos oito dias da venda a mulher que comprou o lote me colocou para fora, voltei para rua com meus filhos, e uma forte chuva destruiu o pouco que eu tinha.

O que era ruim ficou pior, pois alem de não ter onde morar eu também já não tinha mais nada.

O andarilho com lagrimas nos olhos se compadece da situação do guerreiro de tantas batalhas, e que mesmo com tantos ferimentos continua sua luta cheio de Fe e coragem.

Mas nada abala aquele ser iluminado e cercado de anjos de luz, pois o sofrimento somente e dado àquele que tem forças para carregar o peso de uma carga que transcende um ser humano comum.

Mas o locutor não se curva diante de uma vida de Fe e esperança.

E sorrindo o homem continua sua historia.

Caro amigo. Peguei o pouco que tinha e aluguei um cômodo em um local inabitável, mas que oferecia um teto para os meus filhos. Mas a providencia divina nos da força para continuar a jornada existencial.

E em uma noite quando eu esperava por um milagre a luz de velas e sem ter nada para comer um vizinho bateu em minha porta.

E vendo minha situação ele se compadeceu por mim e minhas crianças, e com lagrimas nos olhos me falou.

Olha vizinho você e um guerreiro honesto e luta pelos seus filhos, e eu e mais algumas pessoas estamos invadindo uma área às margens de uma rodovia.

E se você quiser divido o pequeno lote que invadi com você, pois tudo que preciso e apenas de um pedacinho de terra para sair do aluguel.

Os olhos do andarilho tomam um brilho diferente, e ele pergunta ao homem.

E ai o que você fez.

Ora eu não tinha outra opção, e acabei entrando na luta, de inicio não foi fácil as barreiras eram muitas, sentia como se o mundo estivesse contra mim, mas no fundo tinha esperança que desse tudo certo, construí como pude, ou melhor fiz um abrigo.

Eu e meus filhos dormíamos sobre tabuas colocada em cima de tijolos, não tínhamos cobertas nem lençóis, sofríamos com a chuva e o frio.

Foi um momento muito difícil, pois já não era apenas eu, tinha meus filhos, que também já estavam cansados e doentes. Vencido e sem forças acabei por procurar meu pai.

Lhe pedi apenas algumas telhas pois não suportava ver meus filhos molhando noites e noites seguidas.

Mas o que tive novamente foi um não, ele disse que não era nada meu. Eu lhe implorei não por mim, mas pelos seus netos, pois eu dormiria em qualquer lugar.

Palavras jogadas ao vento, nada do que eu dizia tinha valor, me senti um lixo, não tinha para onde correr, e ali se ia minha ultima esperança.

Morando ao relento, e sem ter o que comer, continuei seguindo meu destino, me sentindo um derrotado. Mas foi apenas mais uma fase, de tantas outras.

Mas com muita Fé tudo passou. Já não andava mais sozinho me sentia carregado pelos braços fortes do pai celestial.

Arrumei um emprego de podar arvores que interferiam na iluminação publica, economizei de onde nao tinha mas acabei conseguindo tirar minha carteira de habilitação e segui em frente.

Arrumei uma companheira que já tinha mais três filhos, e com ela sigo meu caminho, a vida não e fácil, mas depois de tudo que passei o que vier e lucro.

Minha casinha na invasão nos aquece e serve de abrigo, meu filho perdeu parte da audição, porque na época que adoeceu me faltou dinheiro para comprar os remédios que ele precisava, lhe sobrou muito pouco do sistema auditivo. E ainda tem mais uma cirurgia para fazer, mas eu entrego nas mãos de deus.

Procuro fazer o que posso pelos meus, pois aqueles que deveriam ter feito o mínimo por mim quase nada fizeram. Mas eu faço tudo que posso por aqueles que dependem de mim.

Mas lhes agradeço por terem me dado à vida, e se algum dia precisarem de mim, sempre estarei aqui pronto para servir, e de braços abertos e com o coração cheio de amor se algum dia me procurarem.

Um amor que a tudo suporta que não sente magoa, que viveu sempre das migalhas que a vida ofereceu.

Este amigo sou eu.

E por isso te digo.

Vim ao mundo para servir e assim quero continuar minha jornada espalhando a Fe e a caridade, e renovando a esperança em cada ser com minha historia de vida.

E assim os dois se despedem, o andarilho segue feliz por saber que ainda existem pessoas neste plano espiritual que insistem em lutar em favor da vida com tanta determinação e Fé.

E o motorista segue em paz com a consciência do dever cumprido em sua jornada terrena, e sempre pronto a enfrentar os obstáculos que servem para o crescimento e evolução espiritual, se sentindo preparado para ser pai e marido.

Paulo César de Castro Gomes

Graduado em Direito pela Universidade Salgado de Oliveira Goiânia, pós-graduado em docência universitária pela Universidade Salgado de Oliveira Goiânia, pós graduando em Criminologia e Segurança Publica pela Universidade Federal de Goiás. (email. paulo44g@hotmail.com)

O LIVRO ESTA PRONTO AGUARDO UMA EDITORA PARA PUBLICAÇÃO UMA MÃO AMIGA PARA QUE POSSAMOS LEVAR A TODOS ESSAS MENSAGENS,

paulocastro
Enviado por paulocastro em 03/04/2016
Código do texto: T5593417
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