Dor

O que estou sentindo agora? Ah, essa fácil. Estou sentindo dor. Estou sentindo aquele aperto no peito e aquele nó na garganta. Forço meus dentes uns contra os outros na frágil tentativa de engolir o choro. Inútil. As primeiras lágrimas escapam dos meus olhos e em poucos segundos várias delas caem pelo meu rosto já enrubescido. Confundem-se com a coriza que escorre das minhas narinas, misturam-se a minha saliva deixando um gosto salgado na boca, vão indo pelo meu pescoço até quase alcançarem meus seios. Enquanto não são absorvidas por inteiro elas vão descendo. Apesar do cansaço imenso, deitar e dormir não é tão simples. Eu fico tentando montar o quebra-cabeça da minha vida, tentando entender. Todas as noites têm sido assim. Eu, meus pensamentos, minhas dores, angústias e o meu travesseiro. E é como se nada mais existisse. Ninguém pode me ver ou escutar. Nem mesmo as paredes do meu quarto, porque elas, ao contrário das demais, não têm ouvidos. São apenas paredes. Frias e alheias. Choro compulsivamente. Os soluços atropelam-se uns nos outros, me deixando quase sem ar nenhum, explodindo em gritos sufocados de tristeza, em mais choro, em mais lágrimas. Eu rolo de um lado para o outro, me debato, soco a cama, esperneio. É uma dor tão grande, tão grande. Estou completamente fora de mim. Alucinada. Eu quero arrancar meu coração, quero arrancar do meu peito essa dor, mas ela não passa. As horas passam. As lágrimas passam. Passam para dar lugar a outras lágrimas que passam para dar lugar a outras. Mais horas passam. O choro passa para dar lugar ao sono. Mas a dor, essa não passa.

18/07/2007

Schmetterling
Enviado por Schmetterling em 18/07/2007
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