Para uma Gerente do Itau

(Um exercício poético, com carinho)

Sharik Letak

Se vem a inspiração, como evitá-la?
Importa perguntar qual o motivo?
Me veio de um olhar ou de uma fala?
O que fazer se dela estou cativo?
Não vem a inspiração, assim, atoa
Então, não fugir dela é coisa boa.

Hoje eu amanheci, assim, sonhante,
E sonho que se tem é pra sonhar.
Navega a alma no mar espumante
Remando como dá, para escapar,
Incauto nauta, louco, delirante,
Querendo o naufrágio evitar.
Um sonho, após a noite, já fenece;
E a dor que fica, quem é que esquece?

Deixa me sonhar, já que sonhar posso,
E ao sonhar, ao menos me remoço!

Seja, então, Cupido, o culpado,
O deusinho intrigante e descuidado,
Um réu a quem atribuir a culpa.
Ziguezagueou a flecha, fui flechado,
Assuma a transgressão e pague a multa!

Riu o deuzinho com meu embaraço?
Inda ha muito para rir de mim.
Brinque bastante que eu nada faço.
E a ígnea seta nem é tão ruim.
Inflamada vem, mas não me agacho
Ridente Anjinho, eu te esculacho
O que começou, então ponha um fim!

Calculei bem mal o rasgão da flecha,
A dor foi bem maior do que pensei.
Reagi bem mal ao sangrar da brecha,
Virei um zumbi quando vacilei.
Agora eu vago por aí num sonho
Levando a sina de dândi medonho
Hostilizado por ter alma de amante
Ouvindo a zombaria dos passantes.

Manhuaçu(MG), 23 de novembro de 2016, as 17:42 h.