Você

Eu só queria colocar pra fora tudo que ta aqui dentro. Entalado na minha garganta, sufocando meu peito. Assim como você faz, vomitando tudo no teclado. E ser o vento. E te beijar a face suavemente e te contar segredos de infância. Chorar. Chorar todas as dores. Gritar. Todas as injustiças. E pensar que o amor que estava na iminência de ser morreu. As estrelas choraram o seu brilho sobre nós. Ah, se você soubesse. Eu estava olhando a nossa árvore. Ela parecia ser tão maior antes, tão mais dentro do meu quarto. As coisas sempre ficam menores quando a gente cresce. É tão estranho que chega a ser assustador. Crescer é assustador. As pessoas entram e saem da nossa vida, assim como você saiu da minha. Assim como a mãe daquele menino saiu da vida dele. Ela morreu quando ele tinha só 11 anos. Pensar na morte da minha mãe sempre foi muito apavorante. Só que a gente nunca acha que vai acontecer mesmo, mas com esse menino aconteceu. E o mundo dele desabou e ele teve ódio de Deus. E por muito tempo eu pensei que ele tivesse superado isso, mas não. E por muito tempo eu pensei muitas coisas. Sobre esse menino, sobre mim, sobre nós (eu e você). Coisas que não são mais; que nunca foram. Assim como você que nunca foi um pai de verdade, um irmão de verdade, um amigo de verdade, um amor de verdade, uma verdade. E agora, depois de tanto tempo você vem me perguntar por que a gente não é mais a gente.? É simples. As coisas mudam. Eu cresci e você ficou assustadoramente pequeno demais pra mim. Só isso.

AnaLuz
Enviado por AnaLuz em 14/09/2007
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