Lidiane Gomes Ponte de Sousa

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Leio em seus olhos

Iluminada expressão de meiguice.

Dedos que se fecham sem querer:

Idiossincrasias da minha pressa

Apetecem o homem que não corre...

Não sou assim, mas você me provoca!

E me esvaio em gestos de estultice.

Gosta do meu modo de tocar e de sentir?

O que causam meus beijos: frisson, frenesi?

Menina! Deixe de ser atrevida e esnobe!

Eu que devo as merecidas saudações...

Sonhar com o que nunca houve, divagações.

Pouca roupa, muitos desejos, tudo em demasia?

Ouso buscar as reminiscências de um passado recente.

Naquela noite quando, escondidos, éramos um só,

Tentei ir ao fundo do seu íntimo, mas as vestes...

Elas me impediram de chegar ao ponto indecente.

Doações... A vida é feita delas todos os dias.

Esperar pra que se a efemeridade nos levará?

Sejamos mais ousados e, sem pressa,

Ouçamos nossos corpos num frenesi apurado.

Um servindo de amparo ao outro e, os dois,

Suados pela libido verdadeira que a alma pede,

Ainda que não eternamente, que se doem...

Nijair Araújo Pinto

Fortaleza-CE, 22 de fevereiro de 2006.

19h33min