Izabel Stela de Paula lima

.:.

Ingratidão seria não contemplar tanta beleza.

Zaratrustra, se tivesse amado mais a ilusão,

Avaliaria este semblante como pérola casta.

Boca quase cerrada, em esplendoroso muxoxo,

Espelho d’alma que se doa sem se perceber.

Laica visão, entrementes, tenho à posta mão.

Serena...

Tens a beleza pudica da primeira vez.

Entrega-se num cataclismo tão disforme,

Legado da pura ficção, que eu, estático,

Apenas sinto a profusão que se esvai, dorme.

Dilúvio...

Entre pingos, espasmos de cumplicidade.

Pelego das venturas e das desmesuras,

Arcanjo destronado, aos pés do seu encanto,

Ungido fui desde o instante do pranto

Largado em parcos gritos de pura aflição.

Anseio... Desejo... Seu véu, seu manto.

Luxúria...

Imagem perfeita da libação inexistente.

Mesmo assim, em puro êxtase do amor,

Amo o que não tenho por mero furor.

Nijair Araújo Pinto

Fortaleza-CE, 22 de fevereiro de 2006.

13h58min