Emily Dickinson - 'I died for Beauty'

Beleza e Verdade

Morri pela beleza, mas apenas estava

Acomodada em meu túmulo,

Alguém que morrera pela verdade,

Era depositado no carneiro próximo.

Perguntou-me baixinho o que me matara.

– A beleza, respondi.

– A mim, a verdade, – é a mesma coisa,

Somos irmãos.

E assim, como parentes que uma noite se encontram,

Conversamos de jazigo a jazigo

Até que o musgo alcançou os nossos lábios

E cobriu os nossos nomes.

(Tradução de Manuel Bandeira)

Dois personagens mortos conversam entre si... a um matou-o a beleza, a outro, a verdade - em seguida, este diz: 'é a mesma coisa'.

Comparando-se o título do texto traduzido com o original, 'I died for Beauty', de Emily Dickinson (1862), Manuel Bandeira, ao traduzi-lo, fez uma escolha baseada na parte do verso parafraseada acima.

O eu-lírico coloca em nível de igualdade a beleza e a verdade - irmãs. Beleza é efêmera, segundo a autora, a verdade também o é. É o que nos leva a crer pelo fato de serem irmãs - devem compartilhar semelhanças.

A autora chama a atenção para dois valores da sociedade da época em que viveu - a beleza e a verdade -, isso pois para a cultura ocidental eram/são valores de enorme importância, ambas são igualadas no texto, tendo elas o mesmo fim.

O jazigo, lugar onde acontece o diálogo, salienta o sentido da finitude, da beleza, com certeza... da verdade, tenho minhas dúvidas... já que creio que a verdade pode se tornar cada vez mais evidente - tenho a liberdade de pensar gêmeos com temperamentos, personalidades, caráteres diferentes ;)

Interessante também a ideia de finitude que aparece quando um dos personagens diz que a conversa entre eles terá fim. Sim, terá... pois chegará a hora em que seus lábios serão cobertos pelo musgo (eu diria que os vermes os comerão)... mas, sim, o musgo pode cobrir o nome deles na lápide (se ninguém fizer limpeza)... e assim somem ambos da vista dos vivos, escondidos ficam atrás do musgo e caem no esquecimento... (se não houve ninguém que limpasse a lápide, a tendência é de se pensar que não ficaram na memória de ninguém... o esquecimento é quase de saltar aos olhos).

E aí sim chega o fim.

Rosangela Calza
Enviado por Rosangela Calza em 11/11/2021
Código do texto: T7383472
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