Panspermia – Eram as bactérias astronautas, e os vírus cosmonautas?
“A panspermia é uma hipótese segundo a qual as sementes de vida são prevalentes em todo o Universo e que a vida na Terra começou quando uma dessas sementes aqui chegou. Essa ideia tem origem nos pensamentos de Anaxágoras, mas a sua versão mais moderna foi proposta por Hermann von Helmholtz em 1879. Atualmente, dois cientistas tem defendido esta posição, são eles: Fred Hoyle  e  Chandra Wickramasinghe.
 
A panspermia tanto poderá ser interestelar ou interplanetária. Não existe ainda nenhuma evidência forte quer para contestar essa teoria quer para a suportar.”

 
 
A biologia se desenvolve muito rápido. Em breve estaremos aptos a criar em laboratórios um ser vivo, mesmo que primário. Talvez uma bactéria, mesmo que procarionte, mas nascida totalmente de materiais inorgânicos. Entretanto isso, por si só, em hipótese nenhuma, termina a nossa história pela corrida atrás de como a vida teria surgido na terra. Pessoalmente acredito que nasceu espalhada por todo o universo.
 
Tal experiência sequer finda a possibilidade da existência de múltiplas formas de vida. Elas podem ser totalmente diferentes do que nossa vã filosofia atual possa conceber e alcançar. Podemos nos deparar com formas de vida tão estranhas e bizarras que, se não forem capazes de efetuar movimentos, talvez sequer a percebamos, como vivas, de imediato.
 
Vida sempre material, posto que pode ser reduzida a elementos materiais diretamente, ou que em última análise, sendo vidas energéticas ou derivadas de campos quânticos quaisquer, sempre terão como referência algum tipo de partícula quântica ou poderão ser enquadradas dentro das equações de campo.
 
Possivelmente existirão vidas bem ilógicas, não intuitivas, para nosso momento mental e científico. Mas quem disse que a natureza não nos esconde ainda muitas e avassaladoras surpresas. Porem, como eu comentei, todas as vidas devem ser naturais, posto que compõem o universo, ou o multverso natural.
 
Retornando a nossa realidade, cabe-nos buscar entender como a vida surgiu, e em especial como ela surgiu aqui em nosso planeta, nossa gaia terra.
O princípio da panspermia é, sim, uma possibilidade real. Agora gostaria de comentar alguns detalhes sobre o assunto:
 
Existe uma linha dos defensores da panspermia, que imagina que a vida tendo surgido uma única vez no universo, seja ele em algum planeta, asteroide, cometa, ou mesmo em alguma nuvem (nebulosa), acabou se espalhando naturalmente pelo resto do universo.
 
Pessoalmente esta não é a minha forma de pensar a panspermia. Os que assim pensam, são mesmo que inconscientemente, levados a pensar como se houvesse ocorrido um momento único onde a vida teria sido conseguida, talvez projetada. Isto reflete indiretamente um pensamento religioso de que Deus criou a vida. Não critico este raciocínio, posto que somos bombardeados desde muito pequenos com este princípio da vida, e acabamos sendo instintivamente catequizados para, em nosso subconsciente, buscarmos um momento mágico de criação.
 
Minha visão é que a panspermia pode ser uma verdade. Estudos tem comprovado a existência de pelo menos 400 moléculas orgânicas espalhadas pela nossa galáxia, cabe lembrar que nossa galáxia é apenas uma das mais de um trilhão de galáxias existentes.
 
Estas moléculas orgânicas, espalhadas pela nossa galáxia, nos permite imaginar que a matéria-prima para a vida está assim espalhada naturalmente por todo o cosmos. Foram apenas 400 as moléculas orgânicas descobertas, mas estamos apenas iniciando esta procura. Nossos instrumentos ainda são rudimentares frente ao que necessitaríamos, e assim, somente podemos observar estas moléculas em nossa vizinhança e mesmo assim quando estas se encontram em volume substancial.
 
Desta forma eu creio, falo de crença e não de ciência, que a vida é sim algo muito mais natural do que parece. Não somos um planeta raro. As pesquisas têm mostrado que estrelas são naturalmente “populadas” com planetas, dando origem assim a sistemas solares parecidos com o nosso.
 
A matéria orgânica está também espalhada pelo universo, quase que como uma química natural. Assim, elementos + gravidade + radiação + física + química + outros eventos que desconheço, levam com alguma certeza, fatalmente, a criação de matéria orgânica básica.
 
Assim não acredito em uma única criação da vida, mas sim que múltiplas e diferentes ordens de vida surgiram, e ainda surgem por este mundão que é o nosso cosmos.
 
Agora entra o meu conceito de panspermia. Uma vez criada a vida em alguma área do universo, como um princípio natural de criaçã, esta pôde naturalmente migrar de um ambiente para outro, viajando interplanetariamente, ou até mesmo de forma interestelar. Assim a panspermia seria um elemento de distribuição das vidas criadas naturalmente em nosso universo, ou até mesmo por nossos multversos, e não o transporte de uma vida unicamente criada, em um único instante e local.
 
Não creio, mas é possível, que possam existir locais no universo em que convivam dois tipos distintos de seres vivos, como um carbônico e outro silícico. Não creio, porque o que percebo é que um tipo de vida, que por algum critério é favorecido em sua procriação, acaba por dominar aquele bio-espaço, assim, mesmo que acreditando ser possível que em alguns lugares possam ter surgido dois ou mais diferentes motores da vida, um apenas se sairia vencedor a longo prazo, e dominaria totalmente aquela biodiversidade.
 
Provavelmente a vida seja anterior a nossa própria galáxia, talvez tenha surgido antes da grande nuvem ter se transformado em nossa galáxia.
 
É importante lembrar que, pelo menos a vida como a conhecemos necessita de elementos químicos/físicos que não existiam no momento do big-bang. Isto posto, fica claro que para o surgimento da vida é necessário que algumas estrelas tenham terminado sua vida útil e explodido, espalhando assim material (elementos químicos forjados em seu interior) pelo nosso universo.
 
O big-bang criou basicamente Hidrogênio, Deutério (hidrogênio pesado), Trítio e Hélio. Foram as fornalhas das reações de fusão, ocorridas no interior das estrelas, quem forjou os demais elementos químicos. Desta forma a vida só é possível após a morte de estrelas, e não de uma apenas, mas de várias, e também de seguidas gerações, uma vez que a formação de elementos mais pesados necessita grandes estrelas.
 
Mesmo que a panspermia seja nossa origem, isso não diminui em nada a força e a beleza do princípio da origem da vida. A panspermia deve tão-somente ter transportado seres vivos muito elementares, talvez até simplesmente vírus, ou mesmo bactérias extremamente básicas. O resto foi decorrente de um longo e complexo caminho de evolução.
 
Os mais céticos, duvidam que a vida possa ter sido transportada por distâncias absurdas, o que levaria estas viagens a durar milhões de anos, ou mais, e com radiações absurdas, e ainda assim chegarem com vida a algum lugar. Não estou defendendo a teoria, mas apenas justificando que em princípio ela pode ter sido a nossa origem primária de vida.
 
Vamos a alguns comentários importantes para que estes descrentes possam pelo menos nos ajudar a refletir melhor sobre este assunto. Gostaria apenas de deixar claro que a minha posição aponta para que a nossa vida tenha surgido primariamente aqui mesmo na terra, ou no máximo em algum outro planeta, cometa ou asteroide, porem em nosso sistema solar. Desta forma ela poderia ter chegado a terra por uma panspermia interplanetária, ou ter surgido diretamente aqui na terra, possivelmente com material orgânico vindo do espaço, e complementado com materiais orgânicos e minerais aqui de nosso planeta. Não creio que a vida possa ter vindo do espaço profundo. Pode até ser que alguns materiais orgânicos possam ter sido forjado neste espaço.
 
No que tange a algum princípio vivo ter viajado com êxito por longos milhões de anos, cabe comentar que ainda em 1995 pesquisadores ressuscitaram esporos de uma bactéria, extraída de uma abelha, aprisionada em uma pedra de âmbar, por 25 milhões de anos. Em 2000, outra equipe isolou e reviveu bactérias que estavam presas dentro de um cristal, havia 250 milhões de anos. Este é por si só uma prova cabal da força de dormência que algumas bactérias e vírus possuem, permitindo assim viagens insólitas para nossas mentes pequenas.
 
Quanto ao calor e ao frio extremo que estas viagens interplanetárias forçosamente levariam aquelas bactérias ou vírus a passar, cabe também comentar que para surpresa dos cientistas, temos encontrado bactérias chamadas Extremófilos, em ambientes onde até tempos atrás, duvidaríamos de sua sobrevida, e para piorar estas bactérias estão super bem adaptadas a estes sistemas extremos, como em gêiseres em ebulição, lagos ácidos, lagos corrosivos, lagos alcalinos, sobre a preção esmagadora do fundo dos mares. Foram encontrados seres vivos, multicelulares inclusive, nas fossas atlânticas, no deserto polar, em rochas a dois km de profundidade. Cada um destes nichos biológicos, por mais inóspito que pareçam, têm seu extremófilo ali bem adaptado.
 
E finalmente quanto as radiações celestes que estas bactérias ou vírus teriam que suportar, cabe mais uma descoberta alucinante, quanto a capacidade da vida de superar os extremos mortais.
 
Nos anos 50 era comum aplicarmos radiação gama para esterilizar alimentos. Raios gama são raios poderosíssimos, que em princípio acreditava-se destruir qualquer tipo de vida. Mas eis que a vida nos mostra sua força. Bactérias Deinococcus Radiodurans sobreviviam a carga letal de raios gama. Mesmo que elevada a extremos a dose destes raios gama, a danada da bactéria Deinococcus sobrevivia. 


Qual seria o seu segredo. As radiações tem como efeito quebrar toda a cadeia cromossômica, fazendo assim com que a vida seja destruída por aniquilação, por fragmentação direta do seu motor básico, que é o seu DNA. Imediatamente após a radiação, o DNA desta bactéria, como de qualquer organismo vivo submetido a radiação gama está totalmente em frangalhos, fragmentado. A dois meses atras, descobriu-se que esta bactéria é como a FENIX que renasce da morte. Passados três a quatro horas da radiação, após ter seu DNA fragmentado, esta bactéria consegue sozinha recompor seu DNA e o mistério do renascimento está feito. A bactéria após a recomposição de seu DNA retorna formosa a vida, com seu DNA de novo intacto, como se nada tivesse acontecido.
 
Bactérias deste tipo, poderiam viajar milhões de anos, sofrer radiações a extremo, ter seu DNA totalmente fragmentado e após algumas horas em repouso, tão logo tenha alcançado algum planeta, asteroide, cometa ou outro corpo celeste, se recompor e retornar a vida.
 
Creio que estes tópicos nos ajudem a construir um cenário mais consistente para a panspermia, mesmo que eu não creia que a nossa vida seja decorrente de uma panspermia intergaláctica ou mesmo interestelar, podemos sim ser filhos de uma panspermia local ao nosso sistema solar.
 
O resto é com vocês...
   
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 16/06/2010
Código do texto: T2324141
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