Do começo ao fim do universo

Sempre que olhamos para o céu em uma noite estrelada ficamos maravilhados com as coisas que vemos. Podemos contar mais de 3.000 estrelas a olho nu, e se formos cuidadosos podemos ver estrelas cadentes, nebulosas, planetas e até mesmo outras galáxias. Observando tudo isso não é difícil fazer a seguinte pergunta: de onde viemos?

Até certo tempo na história as pessoas acreditavam que o universo sempre existiu, mas observações mostraram que não era bem assim. O universo, assim como tudo, teve um começo. Embora não há provas de como o universo nasceu, temos uma base para mostrar como ele entrou em expansão.

A expansão foi notada por vários astrônomos no século XX, entre eles Edwin Hubble, o qual percebeu que as galáxias estavam se afastando uma das outras. Com base no afastamento das galáxias, o padre e cosmologista Georges Lemaître propôs que num tempo remoto as galáxias estariam mais próximas, contidas num único ponto de densidade muito grande, ao qual ele chamou de átomo primordial.

Sim, isso deu origem ao Big-Bang.

Embora muitas pessoas achem que o Big-Bang deu origem ao universo, na verdade ele deu origem à expansão cósmica. Isso ocorreu há aproximadamente 13,7 bilhões de anos. Essa explosão liberou uma enorme quantidade de radiação que foi detectada por Penzias e Wilson. Essa radiação, chamada de Radiação Cósmica de Fundo, ainda pode ser vista por nós, basta tirar TV de sintonia.

Os cientistas não conseguem dizer o que havia antes do Big-Bang, mas existem algumas idéias a cerca disso. A primeira é que não existe o “antes” do Big-Bang. De acordo com essa afirmação a matéria, energia, tempo e espaço foram criados no momento da explosão. Outra idéia é descrita através da gravidade quântica, no qual o Big-Bang se originou de um estado primordial. Mas nosso universo pode na verdade ser apenas um entre tantos outros, chamados de branas, o qual existem em um espaço eterno e podem colidir. Por fim, a ultima idéia é que o Big-Bang é o último estágio de um eterno ciclo, no qual ocorre uma expansão e logo em seguida um colapso.

Mas partindo do Big-Bang, o que exatamente ocorreu depois? No momento depois da “explosão” ocorre a inflação cósmica, em um tempo de aproximadamente, 0,00000000000000000000000000000000001s (apenas para assustar um pouco). Nesse período, o espaço é preenchido por uma sopa de quarks. Logo em seguida, com um tempo de 10^-30s, um tipo de matéria escura (áxions) é sintetizado. O que vem a seguir é que a matéria supera a antimatéria e um segundo tipo de matéria escura (neutralinos) é sintetizado. Com 0,00001s, os prótons e nêutrons se formam a partir dos quarks. Essas duas novas partículas começam a formar os primeiros núcleos de hidrogênio e hélio. Num tempo de 380 mil anos após o Big-Bang, os primeiros átomos se formam, dando origem à Idade das Trevas, no qual o universo é totalmente transparente. 300 milhões de anos depois as primeiras estrelas começam a se formar.

As primeiras estrelas eram bem maiores e mais quentes do que as que temos hoje. Enquanto as estrelas atuais sobrevivem por bilhões de anos, aquelas viviam apenas alguns milhões e explodiam em hipernovas. Mas foram essas explosões que deram origem, mais tarde, ás galáxias. Para falar a verdade, estamos aqui por causa das explosões de várias estrelas. São elas que originaram os metais mais pesados, como o ouro que usamos em nossas jóias, por exemplo.

Os objetos mais distantes que conseguimos ver foram formados a aproximadamente um bilhão de anos após o Big-Bang. Em 2003, o telescópio espacial Hubble tirou uma foto a qual mostra milhares de galáxias ainda jovens. Recentemente, astrônomos descobriram uma galáxia “madura” em uma região a qual deveriam ter galáxias jovens. Isso pode nos levar a uma revisão de nossas teorias e então poderemos perceber que o universo pode ser bem mais velho do que pensávamos.

O certo é que é difícil determinar com exatidão o nascimento do universo, só sabemos que ele teve um início, há muito tempo atrás. Consequentemente, esperamos que o mesmo tenha um fim.

O fim do universo depende de sua geometria. Temos três tipos de geometrias, as quais não convém falar nesse artigo. O que sabemos é que não ficaremos para sempre aqui. Nossa estrela, assim como todas as outras, um dia vai morrer. E não podemos viver sem ela. O Sol não tem massa o suficiente para explodir em uma supernova, ao contrário disso ele vai aumentar de tamanho e engolir os planetas Mercúrio e Vênus e acabar com a vida na Terra. Logo em seguida, o núcleo do Sol irá se transformar em uma anã-branca e nossa estela será apenas mais uma nebulosa planetária.

Esse cenário está previsto para acontecer daqui 5 bilhões de anos (nosso Sol está na metade de sua vida). Nesse mesmo período Andrômeda, nossa gigante vizinha, vai ocupar todo o céu e irá se chocar com nossa galáxia. A medida que o universo se expande as outras galáxias vão ficando cada vez mais distantes, até desaparecem de vista. Nossa galáxia será transformada, em 100 bilhões de anos, em uma galáxia arredondada. Dentro de 100 trilhões de anos as ultimas estrelas vão parar de brilhar, e o único brilho poderá vir dos buracos negros ou de outra civilização distante. Todo o universo irá jazer na escuridão.

Embora o universo seja belo e pareça ser infinito, não podemos escapar de sua sina. Não ficaremos para sempre aqui, nada ficará. Mas quem sabe um dia uma civilização mais avançada venha e nos resgate do fim de nosso sistema e nos conduza para uma região do espaço ainda viva? Ou ainda podemos encontrar um Buraco de Minhoca e ir para um universo paralelo...

Enquanto isso não acontece, só nos resta observar e contemplar a beleza do cosmos, enquanto há tempo...

Jonathan Quartuccio
Enviado por Jonathan Quartuccio em 11/03/2011
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