RADIOATIVIDADE: O PERIGO INVISÍVEL

RADIOATIVIDADE: O PERIGO INVISÍVEL

Nilvana T.S. Koppe

@Técnica em Radiologia

@Licenciada em Ciências Biológicas

Nestas últimas semanas de março de 2011, a radioatividade é palavra que traz pavor e insegurança para todos. O planeta está novamente atônito diante de um evento que contamina, segundo autoridades japonesas, com material radioativo a atmosfera.

A contaminação ocorre em forma de vapor, devido às explosões na Usina Nuclear de Fukushima, provocadas pelo terremoto e a tsunami ocorridos no dia 11 de março. Os níveis de radiação forçaram o Japão a expedir estado de alerta quanto a contaminação do ar, água e terra, consequentemente aos alimentos.

Entre os elementos mais comuns no vazamento de vapor de água do reator desta Usina no Japão estão o Iodine-131, o Xenon-133, o Xenon-135, o Krypton-85 e o Césio-137. Este último, o mesmo do acidente ocorrido em Goiânia há 24 anos e que aponta um saldo de vítimas até os dias de hoje. (O césio é altamente explosivo em água fria. Deve ser considerado um veneno extremamente forte. Alguns de seus radioisótopos são altamente perigosos para o ambiente e para os humanos. O hidróxido de césio é uma base extremamente forte, e ataca o vidro.)

Esta catástrofe nos traz lembranças de outros acidentes envolvendo radiação.

Em dezembro de 1983, em Juarez, no México, uma fonte de Cobalto-60 de um aparelho de radioterapia levado de um depósito de hospital para um ferro-velho, onde foi desmontado. As pastilhas deste material foram levadas e distribuídas para três lugares diferentes: uma fundição nos Estados Unidos e duas no México. Com as sucatas deste material fizeram barras de aço e pés de mesa. Não foi registrado mortes neste acidente.

Em setembro de 1987, em Goiânia no estado de Goiás / Brasil, outro aparelho de radioterapia abandonado foi levado por catadores de papel e vendido para um ferro-velho. A fonte que continha Césio-137 foi violada. Sintomas como vômitos, queimaduras, amputação e necrose de membros levaram a realidade de uma contaminação por radiação do material Césio-137. A distribuição deste material resultou em quatro mortes seis dias após a contaminação e mais três após três anos. Cerca de 250 pessoas que entraram em contato com o material tiveram problemas de saúde na época. Até hoje, o número de vítimas deste acidente é contestado pelo Ministério público.

Em abril de 1986, na Ucrânia, em decorrência de falha humana, houve uma explosão no quarto reator da Usina de Chernobyl, causando um incêndio que permaneceu por 136 horas, lançando na atmosfera uma nuvem radioativa que atingiu todo centro-sul da Europa. Aproximadamente 500 mil pessoas trabalharam em caráter de emergência, dez mil morreram em conseqüência da exposição às altas doses de radiação recebidas durante o trabalho. Estima-se que o número de mortes tenha sido entre 15 mil a 30 mil pessoas, e 16 milhões sofrem até hoje alguma sequela do desastre.

O QUE É RADIOATIVIDADE?

A RADIOATIVIDADE foi descoberta no ano de 1896 pelo físico francês Henri Becquerel.

Ao pesquisar Urânio, Henri descobriu que este material emitia radiações semelhantes às descobertas por Röentgen (descobridor dos raois X) um ano antes. Concomitantemente Mary Curie descobriu as mesmas propriedades em outros materiais como o radio que deu origem a palavra radioatividade, e no polônio, homenagem à física polonesa.

A radioatividade está relacionada a uma instabilidade nuclear, ou seja, há átomos que possuem excesso de energia no seu núcleo. Esses átomos chamados radioativos emitem radiações para poderem se estabilizar. Um exemplo ajuda a elucidar: Sais de radium foi disperso sobre a cama de Mary Curie para ver o brilho que emitia no escuro. ”Este fato se repetirá por muito tempo, uma vez que 1.620 anos devem transcorrer até que a atividade do radium esteja reduzida à metade” (id. p.41).

DECAIMENTO RADIOATIVO

Sorenson (apud NOBREGA ET.ali, 2006 (p.66) elucida: “O decaimento radioativo resulta não apenas na transformação de uma espécie nuclear em outra, mas também na transformação de massa em energia”. Assim, um material radioativo torna-se estável pela emissão de radiação, pois desta forma ele perde energia (radiação gama) e/ou massa (partículas alfa e beta). Esse processo é considerado desintegração nuclear.

O que torna o material perigoso ou não é a quantidade e a energia da radiação por ele emitida. Todo o material radioativo possui certa atividade e seu próprio esquema de desintegração, ou seja, um número de desintegrações por segundo. Como em cada desintegração há emissão de radiação, diz-se que, quanto mais ativo, maior a radiação, portanto, mais perigoso o material.

CONCEITO DE RADIAÇÃO

“A radiação é o transporte de energia através do espaço, o que pode se dar em forma de ondas ou8 partículas”(id.p.125). O poder de penetração das radiações varia conforme sua energia e seu comprimento de onda, grandezas essas inversamente proporcionais. Quanto maior a energia, maior seu poder de penetração e menor seu comprimento de onda. Um exemplo é os raios X: “são ondas eletromagnéticas de curto comprimento de onda que apresentam a propriedade de arrancar elétrons da matéria. Quando interagem com a matéria são absorvidas ou espalhadas. Ao atravessar a matéria, a radiação transfere toda ou parte de sua energia para o átomo com quem interagiu.

EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES

Um dos efeitos mais importantes das radiações ionizantes é a mutação celular. Quando ocorre nas células germinativas, podem ser transmitidas para sucessivas gerações.

Ao ser exposta à radiação de forma descontrolada a pessoa pode apresentar anemia, perda do número de plaquetas, queda de cabelo, dermatite, esterilidade espondilite anquilosante (http://espondilite.forumeiros.com/t173-espondilite-anquilosante-sintomas-e-sinais-de-alerta), entre outras manifestações.

Os efeitos somáticos podem se manifestar imediata ou tardiamente. Indivíduos expostos a altas doses de radiação poderão ser acometidos de radiodermite, vômitos, falência de alguns órgãos e no caso de atingir a região das gônodas, a esterilização deste indivíduo.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

NOBREGA, Almir Inácio. Radiologia Médica.Ed. Difusão,2006

http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9sio

Vento de Outono
Enviado por Vento de Outono em 24/03/2011
Reeditado em 19/04/2011
Código do texto: T2867831
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