Os 5 sentidos

Audi­ção, visão, tato, gus­ta­ção e olfato...

-- A idéia de ape­nas 5 sen­ti­dos está ultrapassada --

Sabe­mos que o design nos toca fisica, inte­lec­tual e emo­ci­o­nal­mente e, por­tanto, deve­mos nos focar nos nos­sos sen­ti­dos para enten­der e aten­der estas implicações. Embora ainda seja ensi­nado nas esco­las e ainda esteja muito pre­sente na cul­tura popu­lar, esta idéia de cinco sen­ti­dos não reflete a realidade. Não há dúvida de que nos­sos sen­ti­dos não cabem ape­nas em cinco cate­go­rias. Mas afi­nal quan­tos são?

((Embora ainda esteja pre­sente na cul­tura popu­lar, a idéia de cinco sen­ti­dos não reflete a rea­li­dade.))

Exis­tem várias manei­ras de enten­der­mos esta ques­tão e a res­posta depende de como divi­di­mos os sis­te­mas sen­so­ri­ais. Uma pos­si­bi­li­dade seria classifica-los de acordo com a natu­reza do estí­mulo. Desta forma temos ape­nas três tipos: Mecâ­nico (tato e audi­ção), Lumi­noso (visão) e Quí­mico (gus­ta­ção e olfato).

Na ver­dade pos­suí­mos vários sis­te­mas de moni­to­ra­ção (vários dos quais nunca tere­mos noção de estar­mos usando). Con­se­gui­mos sen­tir as vari­a­ções de tem­pe­ra­tura e de pres­são, a posi­ção das arti­cu­la­ções (pro­pri­o­cep­ção), o movi­mento cor­po­ral (cines­te­sia), o equi­lí­brio e outras sensações.

A medida em que estu­da­mos em deta­lhes as estru­tu­ras dos órgãos sen­so­ri­ais, parece que temos cada vez mais sen­ti­dos, mas por mais inte­res­sante que isto seja, a sen­sa­ção em si não é real­mente tão impor­tante assim. Quando se fala em sen­ti­dos, o que real­mente se quer dizer são sen­sa­ções ou per­cep­ções ou experiências.

A per­cep­ção é um “valor agre­gado” que o cére­bro orga­ni­zado con­fere aos dados sen­so­ri­ais bru­tos. Ela vai muito além da paleta de sen­sa­ções e envolve memó­ria, expe­ri­ên­cia e pro­ces­sa­men­tos cog­ni­ti­vos sofisticados. O que ouvi­mos, por exem­plo, é muito mais que o sim­ples soma­tó­rio de sons cole­ta­dos por cada ouvido. Vários pro­ces­sos entram em cena, alguns dos quais per­mi­tem que o cére­bro iden­ti­fi­que de onde está vindo o baru­lho.

Fil­tros com­ple­xos nos per­mi­tem bar­rar um tipo de som enquanto pres­ta­mos aten­ção a outro. No “fenô­meno da festa”, por exem­plo, igno­ra­mos todos os ruí­dos irre­le­van­tes enquanto par­ti­ci­pa­mos de uma con­versa, e con­se­gui­mos mudar rapi­da­mente de foco assim que alguém men­ci­o­nar o nosso nome. Isto quer dizer que esta­mos sem­pre “ouvindo” o som ambi­ente, mas nem sem­pre o esta­mos “escu­tando”, ame­nos que ele passe a ser sig­ni­fi­ca­tivo. O mesmo vale para expe­ri­ên­cias visu­ais.

Quando nave­ga­mos por um web­site, por exem­plo, vemos aquilo que nos inte­ressa naquele momento e cada vez que vol­tar­mos para a mesma página vere­mos coi­sas dife­ren­tes, tere­mos novas expe­ri­ên­cias, base­a­das nas mes­mas sen­sa­ções, mas orga­ni­za­das de maneira dife­rente por nosso cérebro.

((Nossa per­cep­ção e expe­ri­ên­cia vai muito além da sen­sa­ção pura e sim­ples.))

O ponto básico é que come­te­mos um erro ao nos con­cen­trar uni­ca­mente nos sen­ti­dos (dis­cu­tindo a quan­ti­dade deles, por exem­plo). O que importa mesmo é a percepção.

Um caso inte­res­sante que demons­tra que os sen­ti­dos não são enti­da­des inde­pen­den­tes e que a per­cep­ção é o seu pro­duto final é a sines­te­sia. Este fenô­meno de “con­ta­mi­na­ção dos sen­ti­dos” em que um único estí­mulo;visual, audi­tivo, olfa­tivo ou tátil;pode desen­ca­dear a per­cep­ção de vários even­tos sen­so­ri­ais dife­ren­tes e simul­tâ­neos não chega a ser uma doença, mas já foi assim tra­tada. Pes­soas com sines­te­sia sen­tem sons, letras, núme­ros ou pala­vras asso­ci­a­das a cores. Estas pes­soas con­se­guem falar com a maior natu­ra­li­dade sobre a tex­tura de um aroma, o sabor das dife­ren­tes letras ou a melo­dia do gosto de um morango.

É bem pos­sí­vel que o cére­bro esteja orga­ni­zado para fazer essa mis­tura dos sen­ti­dos como parte do pro­ces­sa­mento per­cep­tivo. Você já deve ter per­ce­bido, por exem­plo, que con­se­gue iden­ti­fi­car ou reco­nhe­cer obje­tos mais facil­mente se ouvir um som rele­vante ao mesmo tempo.

autor desconhecido
Enviado por Jheni Bento em 10/08/2011
Reeditado em 15/09/2016
Código do texto: T3151539
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