FORMAÇÃO TÉCNICA E HUMANA

Na cultura do “cada vez mais e melhor”, onde o conhecimento é inesgotável e a todo tempo buscado, as pessoas sentem a necessidade de estarem atualizadas tecnicamente. Mas será que estar atualizado segundo os critérios de uma formação técnica pode garantir a formação da pessoa como um todo?

A técnica é importante. O trabalho, as pessoas, as oportunidades exigem tal formação. Para isso, existem inúmeras possibilidades de se buscá-la e aperfeiçoá-la cada vez mais.

Desde a creche escolar até o doutorado, quantos caminhos, quantos livros, conceitos, lições absorvidas e acrescidas, quantos cadernos escritos, trabalhos, experiências, leituras, enfim, quanta teoria para conquistar concretamente uma formação técnica. Sabendo sempre que a função da teoria é iluminar a prática.

Mas, como motivou-nos a pergunta inicial, os diplomas, títulos, cargos não determinam uma boa formação humana. Óbvio que todos esperam humanidade de quem é aparentemente superior aos outros, seja pelos títulos ou por cargos que definem uma boa formação técnica. Mas nem sempre é assim, todos nós, em proporções diferentes, temos lacunas no que se refere à formação humana.

Ela também é exigida, ainda que seja de maneira indireta. Porém, não temos “lugares” propriamente ditos para garantir uma formação humana. É bem verdade que muitas bases são adquiridas na família. Na faculdade também temos algumas disciplinas que favorecem o seu alcance como a ética, psicologia, sociologia, antropologia; mas são fragmentos, não abrangem o todo da formação humana na atenção que merece.

Quantos maus exemplos se têm de pessoas com cargo superior a outras, possuem diplomas e se esmeram em serem “maiores e melhores”, mas não são capazes de dar um ‘bom dia’ aos seus colaboradores. O contrário também pode ser verdade, colaboradores que veem na figura do superior um inimigo, às vezes sem ter um grande motivo. O que é isso? Será apenas uma formalidade exacerbada ou realmente é falta de formação humana?

Mas não basta constatar essa deficiência em nossa formação, é preciso buscar melhorar o nosso fragmentado eu. Na verdade o que nos falta é um pouco de reflexão sobre nós mesmos.

O autoconhecimento fundamenta a formação humana. À medida que vamos nos conhecendo, vamos aprendendo a acolher o nosso lado sombrio e assim, vamos nos humanizando mais. Vamos tirando aquele peso de que somos e devemos ser a todo tempo perfeitos.

De fato, quem se conhece ou busca um autoconhecimento, não foge de si mesmo e nem se frustra com as suas misérias. Isso pressupõe também um acolhimento melhor do outro.

Eis a formação humana, aquela que passa pelo critério benévolo do autoconhecimento. Como quem adentra no “edifício do eu” e percorre todos os espaços, não se contenta só com a sala da recepção, mas vai além, sabe descer no subsolo das misérias, bem como subir nos mais altos andares das próprias virtudes.

Em suma, a formação técnica é fundamental para fazer, mas a formação humana é essencial para ser, e ambas se completam no que diz respeito à característica de um bom profissional.

in http://hudsonroza.blogspot.com

Hudson Roza
Enviado por Hudson Roza em 26/01/2012
Código do texto: T3461852
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.