Moralidade: Fruto da Seleção Natural pela busca de continuar sobrevivendo

Eu particularmente não gosto muito de escrever sobre esses textos (não mais). Mas...

Particularmente estou me convencendo do que, outrora, disse o grande Sagan: “Não é possível convencer um crente de coisa alguma...”. Ultimamente tenho tentando “fugir” de debates envolvendo religião. Não faço isso por falta de argumento, mas sim por acreditar que debater as “verdades” divinas é como debater sobre as verdades do Senhor dos Anéis, como um fato! Mas, após ler sobre moralidade e, ler um comentário dizendo que esse é o ponto fraco dos ateus, mexeu comigo. O que irei falar aqui a respeito de moralidade é algo que há um bom tempo eu venho pensando, mas nunca havia escrito. Tentarei expor aqui a ideia central do que podemos chamar de uma moral absoluta.

Tentarei ser o mais direto possível, sem ficar fazendo rodeios.

Nos primórdios da civilização, quando nossos ancestrais viviam da caça e habitavam em cavernas, temos a origem daquilo que, para nós, seria descrito como moral. Uma moralidade natural pode-se dizer assim, um conceito que está presente na vida dos seres vivos e não um atributo exclusivo do homem. Embora, o conceito de moral remete à atos humanos, vou estender esse conceito para uma capacidade descrita pela seleção natural.

O ciclo menstrual da mulher é em torno de 28 dias. Isso mostra que, é muito provável que esse ciclo esteja relacionado com o ciclo da lua. Não entrarei fundo nesse argumento, deixarei isso para o futuro artigo sobre a origem das crenças. Os homens só caçavam em noites de lua cheia, ou fases lunares próximas à da lua cheia, como quarto minguante ou crescente. Em fases de lua nova, não era muito seguro. Por essa razão, mulheres passaram a “regular” seu período fértil de modo que estivessem no ápice quando seus homens estivessem em casa. De uma maneira um tanto quanto primitiva, foi criado um padrão de regras para a caça: Caçar em épocas que não há lua não é algo bom de fazer.

O conceito do que é bom ou mal vai além da vontade humana de procriar ou caçar. O conceito de bom e mal se estende a todas as criaturas com vida. Pense no seguinte: homens não caçavam em noites que não eram propícias, caso contrário eles viravam a caça. Qualquer animal que se sente ameaçado (pode ser um inseto ou uma baleia) irá tentar fugir do perigo. Animais disputam por território e disputam por uma fêmea, ou várias fêmeas, a fim de multiplicarem sua prole. O que quero dizer com isso é que, o conceito do que é bom ou mal está relacionado com a capacidade de continuar vivendo. Você pode ter sua fé em um ser divino, mas certamente correrá caso esteja prestes a ser atropelado. E você nem precisa pensar muito antes de começar a correr. Um animal que não é dotado de uma inteligência como a nossa (pelo menos achamos isso) não fica parado quando vê um predador se aproximar.

Há dois vídeos interessantes que eu vi num programa de televisão. O primeiro mostrava um búfalo (acho que era um búfalo) tomando água quando de repente foi atacado por um crocodilo. O bando saiu correndo e o pobre búfalo foi puxado para dentro do rio. Segundos depois, todo o bando voltou ao rio e conseguiu resgatar seu pobre companheiro. Uma luta pela sobrevivência, um alerta natural que busca maximizar o potencial da vida.

Outro vídeo mostrava duas fêmeas de uma espécie de mamífero (não me recordo qual), que travavam entre si uma pequena disputa por atenção para ver qual das duas seria a fêmea do bando. Uma delas estava grávida, e por essa razão teria mais chances de ser escolhida pelos machos, pois aparentava ser mais fértil. Quando deu a luz, a bondosa mãe saiu para procurar comida e deixou seus filhotes recém-nascidos sozinhos na toca. A outra fêmea, aproveitando a oportunidade foi até a toca e devorou os filhotes. Quando a mãe voltou para casa, encontrou apenas alguns pedaços das patinhas de seus filhotes. Ela saiu da toca, e ficou olhando para o horizonte emitindo sons como de uma mãe chamando pelos seus filhos. Um som agudo, como um choro de um animal indefeso. Era possível reconhecer uma grande tristeza nos pequenos olhos negros da mãe.

Foram esses vídeos que me despertaram para um reconhecimento natural do que é bom e do que é mal. A base da moralidade humana, que não surge na crença divina, mas sim no potencial de vida, está relacionada com a seleção natural. Um dia me questionaram: como você sabe o que é bom ou o que é ruim?

Minha resposta foi o que eu disse até aqui, mas pude então criar um trajeto para compreender a base ética da sociedade. A religião não cria padrões de ética ou moralidade. A religião cria dogmas. Um homem-bomba poderia ser um bom argumento para ir contra a minha ideia de moralidade. Mas mesmo um homem-bomba, levado pela cegueira da religião, se mata acreditando que será recompensado no paraíso. O potencial de vida continua existindo.

Quando você faz o bem para alguém, como ajudar uma pessoa que está passando fome, você não sente prazer devido a um deus que está te dizendo, em seu interior, que aquilo está lhe rendendo créditos no paraíso. O prazer que você sente é algo natural, te dizendo que o potencial de vida está sendo maximizado. Fazer carinho num bebê ou num filhote é um potencial de vida. Existe uma luta interior de todos os seres vivos. Tudo, exatamente tudo, voltado para a capacidade de continuar vivendo, ou sobrevivendo. Nós, humanos, apenas fomos priorizando certas coisas, criando a nossa ética com base no que fomos desenvolvendo com o passar dos anos e das eras.

A moralidade não é divina. A moralidade não foi implantada por um deus ou por deuses. O conceito do bem e do mal é, puramente, relacionado com a seleção natural. Uma luta pela vida e, acima disso, continuar vivendo. Não importa o quanto de fé você tenha você continuará olhando para os dois lados quando for atravessar a rua.

Jonathan Quartuccio
Enviado por Jonathan Quartuccio em 07/10/2013
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