CÍRIO DE NAZARÉ – PATRIMÔNIO CULTURAL DO BRASIL

Sérgio Martins Pandolfo*

“O Círio é uma pororoca humana na metrópole das águas”. SerPan

O “Círio de Nossa Senhora de Nazaré” em Belém do Pará, é a maior procissão religiosa do mundo, reunindo, na manhã do segundo domingo de outubro, em derredor de dois milhões de pessoas, representados por residentes, paraenses ausentes que vêm para participar da romaria e gente de todo o Brasil e até do exterior, que aqui chegam para “pagar promessas” ou como simples turistas; a multidão enche as ruas do trajeto do préstito sob seus famosos “túneis verdes” de mangueiras, entoando cânticos, orando e cantando hinos, contritamente. À passagem da Berlinda nuvens de papel picado são lançadas dos prédios e fogos de artifícios saúdam a Mãe de todos os paraenses. Durante o Círio Belém transforma-se num grande templo a céu aberto.

A corda que puxa a Berlinda, tracionada por milhares de devotos e peregrinos contritos, é uma das facetas mais fortes e comoventes da romaria, que também exibe “carros” representativos de milagres e “anjos”.

Do ex-presidente da Sobrames Nacional, o gaúcho (Porto Alegre) Luiz Alberto Soares, que assistiu a romaria pela TV, colhemos os seguintes depoimentos:

“A massa humana se agarra com as duas mãos [à corda], dando a impressão de que não querem perder o rumo e desejam beber, naquele ato, um pouco de energia renovada. È a grandeza da fé que leva toda aquela multidão a se unir e desfilar com muita vontade”.

“Mãos estendidas, em gesto de harmonia e esperança, clamam por uma bênção de Nossa Senhora de Nazaré e ao mesmo tempo emitem raios de paz e amor que se irradiam sobre as almas em comunhão”

“Nossa existência é composta de grandes momentos de vitórias, escudadas em pequenos instantes de fé e coragem”.

Realizado pela primeira vez em 1793, a origem dessa tradição remonta ao ano de 1700, quando o mestiço Plácido encontrou, às margens de um igarapé, a pequena imagem até hoje venerada na suntuosa Basílica que os padres Barnabitas e o povo paraense construíram, em sua homenagem, no local do achado.

Por duas semanas um “arraial”, armado na Praça Santuário, atrai e diverte residentes e romeiros. Os brinquedos de miriti, feitos de uma palmeira da região, são uma atração à parte para a garotada, característicos dessa quadra.

Esse “fenômeno” constitui-se no mais expressivo símbolo da identidade parauara e parte integrante de seu patrimônio cultural, a ponto de, recentemente, o IPHAN haver procedido ao seu tombamento como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Pelo congraçamento e celebrações, que inclui mesa farta e culinária peculiar, o Círio é considerado como o “Natal dos Paraenses” e um dos mais fortes argumentos de nosso parauarismo.

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(*) Médico e Escritor. ABRAMES/SOBRAMES

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Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 11/02/2010
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