A mulher e a sua inserção no mercado de trabalho

Após a revolução industrial, no final do século XVIII, surgem as fábricas, os escritórios e os homens que até então viviam no campo procuram os centros urbanos. Nesse momento o crescimento dessa população migrante configura novas possibilidades de trabalho, abrindo oportunidades nas indústrias e nos escritórios.

Ao que tudo indica, especialmente na segunda metade do século XIX, abriram-se novas oportunidades de emprego na indústria nascente e na burocracia, e as mulheres vão ocupar uma fatia desse mercado (HAHNER, 1990). Contudo, sabe-se que essa inserção no mercado de trabalho foi mínima, ocorrendo principalmente dentro da indústria têxtil, num nível de trabalho sem qualificação, ainda nenhuma representatividade para gerir seu próprio sustento ou o de sua família.

No início do século XX os primeiros sinais de mudança foram sentidos, dessa forma mulheres já com profissões foram aos poucos conseguindo ocupar seu lugar em áreas específicas, da Física, da Farmácia, do Direito, da Arquitetura entre outras.

A definição social do comportamento feminino era muito marcante até a década de 60 em que os papéis de gênero na sociedade eram pré-definidos de forma natural, representando um dever para o gênero feminino constituir uma família através do matrimônio, ter filhos e trabalhar no ambiente doméstico.

Nos anos 1960 e 1970 a inserção do trabalho feminino era considerado pelos homens e pelas mulheres uma questão econômica, caracterizado como o segundo salário, uma forma de “ajuda” nas despesas. Aqui , nesse momento podemos pensar que o trabalho feminino não é mais um agregado, mas sim como “uma parte das exigências identitária das mulheres”, trazendo com isso uma valoração de sua independência e seu sucesso de identidade profissional

A inserção maciça da mulher no mercado de trabalho acontece a partir dos anos oitenta. Novas e variadas profissões vão ganhando terreno. Há uma mudança da escolarização à profissionalização e esse momento é possível pela diminuição de rigidez com as normas sociais do papel anterior ocupado pela mulher.

A inserção da mulher no mercado de trabalho, a falta de divisão das tarefas domésticas, na administração da casa e na educação e cuidado dos filhos são fatores de stress na esfera familiar. Características que marcam o trabalho feminino tais como a desigualdade de salários com os homens, diferenças de acesso à promoção, à realização e ao investimento profissional na sociedade capitalista persisti o argumento biológico como base para a desigualdade entre homens e mulheres. O homem ainda atribui à mulher a dupla jornada, já que o lar é a sua responsabilidade. São fatores geradores de estresse na esfera profissional.

Para enfrentar todos os desafios profissionais em relação ao homem, a mulher vem buscando um nível de escolarização igual ou superior a eles desta forma tentando ocupar os cargos que ainda são considerados subalternos

A partir desta transformação, o papel do gênero feminino se tornou imprevisível, devido a abertura da estrutura social.

FUCKS enfatiza que, apesar das mulheres ainda não terem um papel efetivo na política e economia, elas atualmente, já tem o controle da sua própria trajetória social. Assim, o autor relata:

“Se é verdade que as mulheres não têm as rédeas do poder político e econômico, não há dúvida de que ganharam o poder de governar-se, podendo viver sem um caminho social prefixado.” (Fucks, 2002)

Hoje as mulheres trabalham porque querem. Independente da vida familiar, o trabalho feminino se tornou um valor. Um número cada vez maior de mulheres trabalha fora de casa o que contribui para a renda familiar, quando não garantem de forma total a subsistência da família, isso, conseqüentemente desempenham na realidade atual novos papéis e, sendo assim, mudanças significativas surgem na estrutura e nos padrões de funcionamento familiar e social.

Para essa mulher que não precisa mais questionar o papel da virgindade, assume a autonomia diante da procriação, reconhece a responsabilidade no ato sexual, toma iniciativas dividindo responsabilidades que antes eram do homem, ocupam cargos de poder e tem a garantia de sua importância de autoridade, as transformações foram significativas possibilitando um salto imenso dentro dos papéis de gênero após os anos 60.

Segundo Powell (1998) “a mulher apesar de ter ampliado de forma indiscutível sua presença na carreira profissional ainda se depara com grandes desafios que impedem ou dificultam sua ascensão profissional”. O principal fator de discriminação contra a mulher no ambiente de trabalho ainda é a Maternidade. Muitas deixam de ser admitidas ou promovidas por causa da gestação e pela necessidade de cuidar dos filhos .Além disso, a dupla jornada de trabalho é uma realidade vivenciada cotidianamente pela mulher executiva, que é sobrecarregada por seus múltiplos afazeres e responsabilidades. Ainda sobre esse aspecto de exclusão, podemos exemplificar com o fenômeno reconhecido “teto de vidro” ou glass ceilling,” que se refere à barreira invisível enfrentada pelas mulheres o qual ocasiona grande dificuldade na ocupação de cargos de alto poder hierárquico nas organizações em função do seu gênero e não por sua inabilidade em ocupar posições no topo da hierarquia institucional. De qualquer modo segundo Lipovetsky descreve; o destino do feminino entra pela primeira vez em uma era da imprevisibilidade ou de abertura estrutural. Tudo na existência feminina se tornou escolha, objeto de interrogação e de arbítrio, mais nenhuma atividade é em princípio fechada para as mulheres, mais nada fixa imperativamente seu lugar na ordem social.

sô Ziccardi
Enviado por sô Ziccardi em 23/05/2010
Reeditado em 11/08/2010
Código do texto: T2273977
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