Sobre os Vagabundos Iluminados da Beat Generation

CONTRACULTURA -> BEATNIK -> (BEATLES) HIPPIE

A "Beat Generation", ou "Geração Beat", em português, foi um movimento cultural e literário que teve início na década de 40 e seu fim por volta da década de 60, justamente com o surgimento da onda Hippie, nos Estados Unidos. Este genero literário, é antes de mais nada, um estilo de vida, o "Beat", que em inglês é uma expressão para "derrotado", "vencido", ou para quando uma transação envolvendo drogas dá errado, se diz que o cara "beat", "falhou". Portanto, já pelo nome, podemos ter uma ideia sobre o movimento, mas outro dado também muito importante serve para entende-lo. Na década de 40, início da década de 50, os Estados Unidos viviam, junto com o resto do mundo, o final da Segunda Guerra, e logo depois, o Pós-Guerra, e toda a corrida armamentista, a bipolarização do mundo, a Guerra Fria, e neste contexto surgiu um sentimento de "tristeza", de "perdição" em muitas pessoas, principalmente os escritores da Beat Generation.

Ainda falando sobre os termos que dão nome ao movimento, foi chamado de "Beatnik" o estilo de vida que eles levavam e de "Beat" as suas obras literárias. O "nik" adicionado após o "Beat" era uma alusão ao "Sputinik", o satélite da Rússia, oferecendo ao termo "Beat" maior subversividade, já que Rússia e Estados Unidos simbolizavam a antítese entre Comunismo e Capitalismo. Essa conotação reforçava ainda mais a ideia de contracultura do movimento, sendo alimentada pelos próprios autores que estavam cansados das discussões "politizadas" dentro das faculdades. Talvez este tédio tenha sido o estopim para eles colocarem o pé na estrada e entrarem de cabeça no movimento que eles próprios estavam criando.

Jack Kerouac, Allen Ginsberg, Hal Chase e William Burroughs foram os precursores deste movimento. A ideia não era criar um movimento, mas sem notar, este grupo de amigos estava sim criando um. Os textos sempre subversivos, eram relatos urbanos de uma geração perdida em meio ao bipolarismo da Guerra Fria. Eles eram verdadeiramente vagabundos, "vagabundos iluminados" como Jack Kerouac classificaria mais tarde, que rodavam sem destino pela América. Eram andarilhos que pediam carona de lugar em lugar, se ofereciam a qualquer trabalho para conseguir alguns dólares que pagassem algumas horas de diversão barata, ou uma bebida qualquer. Durantes suas viagens, escreviam a maior parte de seus poemas, livros ou diários, que acabaram posteriormente se tornando livros da mais pura literatura Beat. Mas em meio a tantas viagens, encontros e desencontros, deixaram e conheceram muita gente pelo caminho, um deles, que foi agregado ao grupo é Neal Cassady, que se tornou grande amigo de Jack Kerouac. Nos que ficaram pelo caminho, deixaram plantada a semente Beat da contracultura que foi rapidamente disseminada e difundidida nas culturas locais, formando sub-grupos em diversos locais.

A influencia do movimento Beat foi muito grande para a contracultura. Na década de 50 a filosofia Beatnik havia sido encorporada tanto na música, quanto no cinema. O Rock'n'Roll passou a ser a música da nova geração, os jovens abandonaram o velho Jazz, música que os Beatniks ouviam, mas continuaram com a filosofia, um tanto distorcida da cultura Beat. Muitos dos primeiros grupos de Rock estavam ligados aos Beatnik's, como os próprios Beatles, que tem o nome inspirado no movimento, e que ajudaram a cristalisar o novo movimento que estava por vir, que era um seguimento que veio a partir dos Beatnik's, o movimento Hippie do final da década de 60, quando os Beat's já estavam mais "enfraquecidos" como movimento, justamente por ter se difundido demais, gerando tantas vertentes. Outro nome de peso que está ligado ao movimento Beat é Bob Dylan, que manteve amizade com Allen Ginsberg durante muito tempo e tendo trabalhado junto com ele, artisticamente.

Por fim, resta louvar os heróis decadentes do movimento Beat por terem difundido a ideia da contracultura, que por muitos foi confundida com vandalismo, ou pura vadiagem. Os Beat's eram livres e em constante mutação, seres sensíveis e selvagens que escreviam sobre a frustração de uma época sufocada pela Guerra Fria. As heranças desse movimento são mais conhecidas do que ele próprio, como o movimento Hippie, por exemplo, mas isso não tira o brilho daquela geração, a Geração Perdida.

Reny Moriarty
Enviado por Reny Moriarty em 01/10/2010
Código do texto: T2532197
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