Frans Krajcberg: o jardim da criação.

Frans Krajcberg: o jardim da criação.

O ambientalismo e conservação ambiental hoje, mais que um ideal, virou item de composição da maioria dos mais diversos partidos políticos, agências governamentais de desenvolvimento, movimentos sociais e da atividade principal ou agregada de ONGs, empresas públicas e privadas, além de possuir um lugar reservado dentro do mundo das manifestações artísticas, havendo também uma lista razoável de artistas que produzem arte ligada ao ambientalismo, ou de qualquer forma, articulada com a política de conservação ambiental.

A par do apelo positivo e urgente da bandeira da conservação ambiental, ninguém quer parecer insensível ou atrasado em relação ao assunto, dado o seu caráter global.

Neste tema, o artista polonês naturalizado brasileiro Frans Krajcberg é decano, posto que ele foi uma das primeiras personalidades a introduzir o debate e fazer do seu ofício militância em favor da conservação ambiental no Brasil, bem antes, por exemplo, da criação do Partido Verde ou da introdução do ambientalismo na agenda política brasileira.

Sua arte sempre esteve formalmente ligada à questão do combate do meio ambiente, constituindo-se numa notável fonte de expressão e despertamento, tal a sua força pictórica, a temática e seu tratamento, expressa de forma dura e direta, através de materiais, formas e cores estabelecidas numa técnica longamente apurada.

Na sua obra, nem sempre é possível separar o que é pictórico daquilo que é expressão militante, desde o discurso até a sua realização. Em seu caso, a postura politica está introjetada na arte, sendo ali um de seus componentes.

O ambientalismo é hoje uma agenda oportuna, que gera sempre pontos positivos. O discurso em favor da preservação ambiental está nos lugares e situações mais diversas, sendo encontrável até em embalagens controversas ou suspeitas. Mas a conservação ambiental hoje, mais que um ideal, é item certo de composição da maioria dos mais diversos partidos políticos, movimentos sociais e da atividade principal ou agregada de ONGs, além de possuir um lugar reservado dentro do mundo das manifestações artísticas, havendo também uma lista razoável de artistas que produzem arte ligada ao ambientalismo, ou de qualquer forma, articulada com a política de conservação ambiental.

Neste tema, o artista polonês naturalizado brasileiro é decano, posto que ele foi uma das primeiras personalidades a introduzir o debate e fazer do seu ofício militância em favor da conservação ambiental no Brasil, bem antes, por exemplo, da criação do Partido Verde ou da introdução do ambientalismo na agenda política brasileira.

Sua arte sempre esteve formalmente ligada à questão do combate do meio ambiente, constituindo-se numa notável fonte de expressão e despertamento, tal a sua força pictórica, a temática e seu tratamento, expressa de forma dura e direta, através de materiais, formas e cores estabelecidas numa técnica longamente apurada.

Na sua obra, nem sempre é possível separar o que é pictórico daquilo que é expressão militante, desde o discurso até a sua realização. Em seu caso, a postura politica está introjetada na arte, sendo ali um de seus componentes.

O ambientalismo é hoje uma agenda oportuna, que gera sempre pontos positivos. O discurso em favor da preservação ambiental está nos lugares e situações mais diversas, sendo encontrável até em embalagens controversas ou suspeitas - dependendo da fonte de manifestação (fabricantes de fertilizantes, bancos, shopping centres, empresas de construção civil - ninguém quer ficar de fora e parecer vencido ou atrasado, na sua imagem institucional, que está ligada à sua participação do mercado...).

Na obra de Krajcberg, não. Sua sincera e apaixonada militância se confunde com seu fazer artístico, sendo parte de sua história de vida.

Europeu de origem, fixou-se em nosso país e segue vivendo conforme escolheu viver, isto é, imerso totalmente no mundo de sua arte, estruturando, dia a dia, um fantástico universo de formas e imagens.

Sua descoberta do Brasil começou pelo estado do Paraná, mas, talvez movido pelo deslumbramento ou senso histórico, fixou-se no sul da Bahia, relativamente próximo do lugar onde iniciou-se o processo que levaria ao surgimento do Brasil.

O que produz tem algo de dantesco, no sentido de que captura imediatamente nossa visão e, logo em seguida, nossos sentidos. Depois disso, entramos no campo ideológico da sua criação, passando das formas para os materiais, enxergando então seu parâmetro e panorama, para retornar depois, às estruturas, formas e cores, já a compreendendo naquele nível em que se vislumbra a coerência, antes de mais nada.

Em suas obras, como se sabe, predominam a utilização de restos de materiais encontrados na região próxima ao redor de seu ateliê. Ordinariamente, restos e pedaços de madeiras recolhidos em desmatamentos, queimadas, erosões ou processos naturais de extinção, pedras, ossos e escolhos encontrados na região litorânea de Nova Viçosa-BA, entre restos ou capões de mata atlântica, praia e o mar.

Destacam-se nelas, quase sempre, a evidências de formas que nos rememora de vegetação ou seres vivos originais, através de um desenho estilizado que, de qualquer modo, nos remete sempre a outras formas - talvez mundos orgânicos, talvez o processo épico da vida em nível celular ou ainda formas de natureza icônica ou simbológica, que nos religam a ideias atávicas ou valores antigos da humanidade...

De fato, as formas encontradas nas suas obras nos levam sempre a uma atmosfera onde está expressa a movimentação de corpos e objetos em torno de algo antológico, profundo e vital, ainda que oculto, de processos segredosos de movimentação e transformação íntima da de matéria, de natureza masculina, feminina, ou ambivalente, em que os corpos se articulam em torno de objetivos reprodutores ou simbológicos - ideias que nos vão chegando, na medida em que avançamos na contemplação das suas portentosas e totêmicas esculturas.

Mas, em algumas peças, a oportunidade de exame mais longo de mensagens ou alusões, está como que interditado, pois o criador da obra estabelece um horizonte de contemplação imediato, com mensagens muito evidentes e visadas, como é o caso das peças que parecem de constituir de um caule e raízes estilizadas e voltadas para cima ou dos mesmos caules, voltados para cima e com as raízes seccionadas e posta sobre o chão, onde não escapamos de refletir irrevogavelmente sobre a processo de destruição ou, talvez, consumo do meio natural, representado justamente pelas raízes ao sol e a copa da árvore com a representação abruptamente suprimida da peça...

Consideradas no conjunto, no entanto, o que parece ressaltar das suas obras, além daquelas mensagens mais imediatas, é a impressão de um profundo e reiterado culto do artista ao mistério da vida, espelhado no momento extraordinário da concepção, nas mais diversas formas e meios.

Este aspecto é o menos abordado ou comentado de sua obra, mas da consideração de um conjunto mínimo de peças produzidas surge esta impressão, que de qualquer forma, se exterioriza em sua prática militante em favor do respeito à natureza, que, se liga à conservação da vida, nos seus mais variados aspectos.

E há ainda mais a considerar, nesta direção: muitas das esculturas do mestre remetem à antiga simbologia. Em muitas de suas obras, estão presentes representações que interpretam símbolos que acompanham a humanidade desde a sua infância, porque ligados ao misticismo, nas suas mais variadas formas. É o caso das frequentes representações estilizadas que remetem muito claramente à "árvore da vida", ou ainda de formas que lembram a serpente espiralada no cajado Asclépio, ou ainda a concha e a trompa, representando, é claro, a ânima e o lado masculino da criação.

Nesse sentido, será demais, constatar que, em certa medida, as esculturas de Krajcberg também falam de sua dimensão religiosa de seu eu místico?

Os tempos mudaram e tudo mudou. A arte, o fazer e o discurso do artista também se transformou ou, quando menos, se diversificou.

Ele, no entanto, é da velha cepa dos artistas contemporâneos, e pelo que se vê de sua produção, para ele, fazer arte é uma experiência total ou mesmo vital, onde o artista vai da mais simples intuição até o último segundo da composição artística (e, nisto, encontro nele um paralelo com um artista da terra, Siron Franco, que tem uma forma de produção artística parecida, segundo sua própria concepção).

Verificar que este ícone das artes plásticas se encontra ainda hoje em plena forma, absolutamente enamorado e envolvido com o ser e fazer que o consagrou, diz muito do artista e sua profissão de fé, mas nos informa também sobre o que é arte e o que significa ser, de fato, um artista, no sentido de estudo, dedicação e aprimoramento, no sentido de técnica e expressão, até chegar ao ponto de se num canal competente e efetivo de expressão da captação do espírito de um tempo e de intuição sobre o futuro, ou, quem sabe?, futuros.

O lugar de Franz Krajcberb, até por seu temperamento e personalidade, porém, está em ponto mais remoto, firme e importante, pois em matéria de exercício e militância da arte ele se encontra entre os poucos que podem ser, em todos os sentidos, o que se chama de... respeitosa referência.

Mas pode-se afirmar também que ele chegou a se constituir num caso de popularidade - o que envolve até mesmo a sua própria e carismática figura. É o que se poder concluir de uma pesquisa simples no Google, onde surgem milhares de artigos, notícias, comentários, notas, referências e fotos, muitas fotos, de sua vasta obra artística e dele mesmo.

Na obra dele, não. Sua sincera e apaixonada militância se confunde com seu fazer artístico, sendo parte de sua história de vida.

Europeu de origem, fixou-se em nosso país e segue vivendo conforme escolheu viver, isto é, imerso totalmente

no mundo de sua arte, estruturando, dia a dia, um fantástico universo de formas e imagens.

Sua descoberta do Brasil começou pelo estado do Paraná, mas, talvez movido pelo deslumbramento ou senso histórico, fixou-se no sul da Bahia, relativamente próximo do lugar onde iniciou-se o processo que levaria ao surgimento do Brasil.

O que produz tem algo de dantesco, no sentido de que captura imediatamente nossa visão e, logo em seguida, nossos sentidos. Depois disso, entramos no campo ideológico da sua criação, passando das formas para os materiais, enxergando então seu parâmetro e panorama, para retornar depois, às estruturas, formas e cores, já a compreendendo naquele nível em que se vislumbra a coerência, antes de mais nada.

Em suas obras, como se sabe, predominam a utilização de restos de materiais encontrados na região próxima ao redor de seu ateliê. Ordinariamente, restos e pedaços de madeiras recolhidos em desmatamentos, queimadas, erosões ou processos naturais de extinção, pedras, ossos e escolhos encontrados na região litorânea de Nova Viçosa-BA, entre restos ou capões de mata atlântica, praia e o mar.

Destacam-se nelas, quase sempre, a evidências de formas que nos rememora de vegetação ou seres vivos originais, através de um desenho estilizado que, de qualquer modo, nos remete sempre a outras formas - talvez mundos orgânicos, talvez o processo épico da vida em nível celular ou ainda formas de natureza icônica ou simbológica, que nos religam a ideias atávicas ou valores antigos da humanidade...

De fato, as formas encontradas nas suas obras nos levam sempre a uma atmosfera onde está expressa a movimentação de corpos e objetos em torno de algo antológico, profundo e vital, ainda que oculto, de processos segredosos de movimentação e transformação íntima da de matéria, de natureza masculina, feminina, ou ambivalente, em que os corpos se articulam em torno de objetivos reprodutores ou simbológicos - ideias que nos vão chegando, na medida em que avançamos na contemplação das suas portentosas e totêmicas esculturas.

Mas, em algumas peças, a oportunidade de exame mais longo de mensagens ou alusões, está como que interditado, pois o criador da obra estabelece um horizonte de contemplação imediato, com mensagens muito evidentes e visadas, como é o caso das peças que parecem de constituir de um caule e raízes estilizadas e voltadas para cima ou dos mesmos caules, voltados para cima e com as raízes seccionadas e posta sobre o chão, onde não escapamos de refletir irrevogavelmente sobre a processo de destruição ou, talvez, consumo do meio natural, representado justamente pelas raízes ao sol e a copa da árvore com a representação abruptamente suprimida da peça...

Consideradas no conjunto, no entanto, o que parece ressaltar das suas obras, além daquelas mensagens mais imediatas, é a impressão de um profundo e reiterado culto do artista ao mistério da vida, espelhado no momento extraordinário da concepção, nas mais diversas formas e meios.

Este aspecto é o menos abordado ou comentado de sua obra, mas da consideração de um conjunto mínimo de peças produzidas surge esta impressão, que de qualquer forma, se exterioriza em sua prática militante em favor do respeito à natureza, que, se liga à conservação da vida, nos seus mais variados aspectos.

E há ainda mais a considerar, nesta direção: muitas das esculturas do mestre remetem à antiga simbologia. Em muitas de suas obras, estão presentes representações que interpretam símbolos que acompanham a humanidade desde a sua infância, porque ligados ao misticismo, nas suas mais variadas formas. É o caso das frequentes representações estilizadas que remetem muito claramente à "árvore da vida", ou ainda de formas que lembram a serpente espiralada no cajado Asclépio, ou ainda a concha e a trompa, representando, é claro, a ânima e o lado masculino da criação.

Nesse sentido, será demais, constatar que, em certa medida, as esculturas de Krajcberg também falam de sua dimensão religiosa de seu eu místico?

Os tempos mudaram e tudo mudou. A arte, o fazer e o discurso do artista também se transformou ou, quando menos, se diversificou.

Ele, no entanto, é da velha cepa dos artistas contemporâneos, e pelo que se vê de sua produção, para ele, fazer arte é uma experiência total ou mesmo vital, onde o artista vai da mais simples intuição até o último segundo da composição artística (e, nisto, encontro nele um paralelo com um artista da terra, Siron Franco, que tem uma forma de produção artística parecida, segundo sua própria concepção).

Verificar que este ícone das artes plásticas se encontra ainda hoje em plena forma, absolutamente enamorado e envolvido com o ser e fazer que o consagrou, diz muito do artista e sua profissão de fé, mas nos informa também sobre o que é arte e o que significa ser, de fato, um artista, no sentido de estudo, dedicação e aprimoramento, no sentido de técnica e expressão, até chegar ao ponto de se num canal competente e efetivo de expressão da captação do espírito de um tempo e de intuição sobre o futuro, ou, quem sabe?, futuros.

O lugar de Krajcberb, até por seu temperamento e personalidade, porém, está em ponto mais remoto, firme e importante, pois em matéria de exercício e militância da arte ele se encontra entre os poucos que podem ser, em todos os sentidos, o que se chama de... respeitosa referência.

Mas pode-se afirmar também que ele chegou a se constituir num caso de popularidade - o que envolve até mesmo a sua própria e carismática figura. É o que se poder concluir de uma pesquisa simples no Google, onde surgem milhares de artigos, notícias, comentários, notas, referências e fotos, muitas fotos, de sua vasta obra artística e dele mesmo.

Goiânia, 22.03.2011.

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Artigo editado em 18.03.2012