Cultura

Dia 23 de Março, Quarta-feira, 21h30 Conversas entre Álvaro de Campos e Alberto Aceiro

É um espectáculo teatral onde se recriam conversas imaginárias entre estes importantes heterónimos pessoanos, a partir de textos do próprio poeta. As Conversas explicitam, de certo modo, a génese da heteronomia pessoana e apontam caminhos para a compreensão dos posicionamentos estéticos destes dois heterónimos de Fernando Pessoa.

Concepção e selecção de textos: Margarida Catarino, Fernando Rebelo e Paulo Moreira Adaptação dramaturgia: Paulo Moreira Intérpretes: Fernando Rebelo e Paulo Moreira Duração aprox.: 45 min. (cartaz: Álvaro Mendonça)

Dia 24 de Março, Quinta-feira, 21h30 O Marinheiro

No início d’O marinheiro, associamos de imediato as Veladoras ao coro das antigas tragédias gregas e o marinheiro a alguém em estado de metamorfose; alguém que irá irromper na realidade através da sua irrealidade e, deste modo, desmestificar a sua própria ficção; alguém que sonha com pátrias imaginárias, que quer o sonho dentro do sonho e o “teatro dentro do teatro”. As Veladoras vão-se firmando como personificações da própria máscara teatral ou como manifestações simbólicas da figura do actor. Eis, pois, uma experiência a diversas vozes, não sendo à toa que Almada-Negreiros (então incumbido de fazer os figurinos da peça) concebeu para esta personagem um “único, um enorme vestido, que lhes prendia, por completo, os movimentos” – ou seja, uma personagem com várias cabeças “pensantes”, três personalidades numa só, identificadas apenas como “Primeira”, “Segunda e “Terceira” Veladoras (que velam, pela recordação e através das palavras – por isso é que não pode haver “relógios” -, os seus próprios sonhos – tendo sido estes sonhos incumpridos, o ponto que as une; por isso se tratam por irmãs; note-se, no entanto, que elas são a mesma mulher, mas em estádios da vida diferentes). “A mesma” – é a mesma de todas, sendo as Veladoras as manifestações da sua consciência enquanto dorme, enquanto sonha; mas o testemunho dessas vozes dizem-nos que essa donzela que dorme e que por isso, está viva, à custa de tanto sonhar (sonhos nunca cumpridos), é um ser morto – eis porque se encontra num caixão. Eis também porque as vozes que dela emanam durante o sonho, não conhecem a presença, não a vêem, só de vez em quando parecem ouvir a sua voz – são autónomas. Pela noite fora anseiam a vinda do marinheiro. Mas será ele mais verdadeiro que o sonho?

Texto: Fernando Pessoa Encenação: Luisa Monteiro Assistência de encenação, luz e vídeo: Nelson Gonçalves Música ao vivo:

Ana Sofia Brito e Negrinho Real “ Fotografia: Conceição Agostinho Interpretação: Catarina Bastardinho, Gabriela Nobre, Joana Costa, Kyra Lee e Flávia Teixeira Produção:

Companhia de Teatro Contemporâneo.

Seralo
Enviado por Seralo em 28/03/2011
Código do texto: T2875574