Contradições bíblicas - 2ª parte.

A Bíblia possui muitas contradições. Para ser a Palavra de Deus, não poderia possuir nem uma sequer.

Êxodo, capítulo 20, verso 16: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”.

Comentário(s): Dez mandamentos. Proibição da mentira; da calúnia; da difamação.

I Reis, capítulo 22, versos de 19 a 23: “[19] Então ele disse: Ouve, pois, a palavra do SENHOR: Vi ao SENHOR assentado sobre o seu trono, e todo o exército do céu estava junto a ele, à sua mão direita e à sua esquerda. [20] E disse o SENHOR: Quem induzirá Acabe, para que suba, e caia em Ramote de Gileade? E um dizia desta maneira e outro de outra. [21] Então saiu um espírito, e se apresentou diante do SENHOR, e disse: Eu o induzirei. E o SENHOR lhe disse: Com quê? [22] E disse ele: Eu sairei, e serei um espírito de mentira na boca de todos os seus profetas. E ele disse: Tu o induzirás, e ainda prevalecerás; sai e faze assim. [23] Agora, pois, eis que o SENHOR pôs o espírito de mentira na boca de todos estes teus profetas, e o SENHOR falou o mal contra ti”.

Comentário(s): Estas passagens são partes integrantes da narração de um plano de guerra. Segundo este capítulo, os governantes dos reinos de Israel e Judá planejam atacar a Síria e procuram o vaticínio de profetas para tomada de decisão. Os profetas inquiridos afirmam que obterão sucesso. Porém, um último profeta, levado à presença dos governantes, afirma que Deus autorizou um espírito a induzir os outros profetas à mentira. Este profeta afirma que Deus não só autorizou como também ordenou que o tal espírito agisse assim para que o governante de Israel caísse em um engodo. Neste trecho, Deus foi totalmente conivente com uma mentira. Isto contradiz o mandamento de não mentir. Se Deus ordena que um espírito ludibrie os profetas para que estes digam ao governante que ele triunfará, sendo que, na verdade, ele sucumbirá, então, Deus está induzindo os profetas a levantar falso testemunho contra o próximo, que neste caso é o governante de Israel. Falso testemunho, porque os profetas atribuíram ao governante um êxito que ele não teria em certa ação (é o mesmo que afirmar que alguém cometerá um crime que não cometerá ou vencerá uma eleição que não vencerá. É falso testemunho tanto quanto afirmar que outrem cometeu um crime sem tê-lo feito. Independente de ser passado, presente ou futuro.). O Deus bíblico quebrou um de seus mandamentos mais uma vez.

Além de Deus forçar pessoas a mentir, existe o ponto que Deus fala com um espírito que se predispõe a fazer tão sórdida atitude. Deus se iguala, mais uma vez, aos seres humanos, tornando-se inescrupuloso a ponto de fazer acordo com um espírito enganador para prejudicar uma determinada pessoa.

Existe também a questão dos governantes consultarem os profetas. Um fator bastante contraditório é que existem outras passagens na Bíblia em que se condena este tipo de comunicações sobrenaturais, mas em muitos trechos aparecem outras tantas narrações onde há freqüentes contatos desse gênero. Tal qual era costume em culturas politeístas, como os gregos, os egípcios, os babilônios, etc., em que se consultavam oráculos e sacerdotes. Vêem-se, na Bíblia, muitos líderes buscando o conselho de vaticinadores. Acreditava-se que os profetas falavam com Deus e com os anjos e, quando se desejava saber a vontade ou a opinião de Deus, procurava-se algum profeta. Este intermediava a comunicação entre Deus e os homens. Ninguém via e nem ouvia Deus, apenas o profeta. Isto também era prática comum em todas as culturas, principalmente as politeístas. Atualmente, existem pessoas que consultam clarividentes. O profeta afirmava que entrava em contato com Deus, mas quem poderia garantir a veracidade disso? Assim como existe charlatanismo hoje, podia existir naquele tempo. Existem videntes charlatões e certamente deviam existir profetas charlatões. Muitos prosélitos podem alegar que os profetas tinham contato com Deus e os clarividentes de hoje têm com espíritos, que muitos fiéis afirmam serem demônios (anjos caídos), mas o episódio narrado neste capítulo do primeiro livro de Reis trata de um contato de Deus com um espírito e este último contata os profetas. Isto evidencia que os profetas comunicavam-se com espíritos, assim como os clarividentes da atualidade. Os profetas de ontem eram os médiuns (videntes, clarividentes, paranormais, sensitivos, etc.) de hoje. Da mesma forma que um espírito zombeteiro enganou e engana os sensitivos de todas as épocas, quem pode garantir que muitos profetas bíblicos não foram enganados por espíritos que se passavam por Deus, a despeito de que a própria Bíblia afirma, em outros trechos, que jamais alguém viu Deus ou poderia vê-Lo. Então como pode algum profeta ter visto Deus? Temos aí outra contradição.

Não há diferença entre as consultas aos profetas, narrada nas passagens bíblicas, e uma consulta, por exemplo, a um pai-de-santo em um terreiro de umbanda, e com um agravante: O Deus bíblico se revela, em muitos trechos, tão humano quanto qualquer um de nós, manifestando-se tal qual um egum kiumba, expressando sentimentos, por vezes, demasiadamente mundanos e até execráveis.

Números, capítulo 23, verso 19: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?”.

Comentário(s): Neste trecho, lê-se a afirmação de que Deus não mente e nem se arrepende, entretanto, enviou um espírito para tal fim, como se lê em I Reis 22:19–30 e II Crônicas 18:19–22, e também se arrependeu como em Gênesis 6:6. Puro contra-senso. Contradições explícitas.

II Tessalonicenses, capítulo 2, versos 11 e 12: “[11] E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; [12] Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade”.

Comentário(s): Nestas passagens, Deus faz pessoas acreditarem em mentiras. Que Deus é esse que proíbe a mentira, mas faz pessoas crerem em uma, só para punir? Que Deus é esse que induz ao erro para ter motivo para julgar? Que Deus é esse que precisa lançar mão de recursos tão mesquinhos para fazer justiça? Que justiça é essa? Justiça inhenha: Forçar alguém a acreditar em uma balela para poder castigar. Isso reflete o pensamento medieval; a sordidez da Idade das Trevas. Tessalonicenses faz parte do Novo Testamento, portanto, é oriundo da Idade Média e esse jogo de fazer a pessoa crer em uma mentira ou cometer um erro para cair em desgraça era muito usual naquela época. Depois julgavam e condenavam por isso. O PAI Celestial não precisa lançar mão de tão vil recurso para fazer justiça. O PAI não castiga; não pune. Somos nós mesmos que recebemos de volta a reação do que fazemos. Sofremos as conseqüências de nossos atos. Aprendemos com nossos erros.

Todo esse conceito de Deus inquisidor, que induz pessoas ao erro para punir pelas transgressões, dentre as quais está não ser cristão, faz parte do domínio de massa através do medo. Esse Deus é retratado no Novo Testamento. Não difere muito do Deus tirano e colérico do Antigo Testamento. A diferença é que o Deus do Antigo Testamento era mais sórdido.

Ezequiel, capítulo 14, verso 9: “E se o profeta for enganado, e falar alguma coisa, eu, o SENHOR, terei enganado esse profeta; e estenderei a minha mão contra ele, e destrui-lo-ei do meio do meu povo Israel”.

Comentário(s): Este capítulo do livro de Ezequiel aborda a questão da idolatria. Deus manifesta a sua total repulsa à idolatria. Deus afirma que se um homem que tenha ídolos no coração venha a consultá-lo através de um profeta, Ele terá com este homem diretamente e o castigará e o profeta poderá ser enganado por Ele mesmo (Deus) e, se depois de ser enganado por Deus, o profeta se manifestar verbalmente, Deus o destruirá. Em suma, é isto que está escrito. Está escrito que Deus enganaria o incauto profeta e ainda o destruiria. Deus não garante que enganará, mas deixa a possibilidade ameaçadora no ar. Mais uma vez, o Deus colérico e traiçoeiro é revelado nesta passagem. É ilógico um Deus-Criador onipotente enganar, para depois matar um mero mortal que Ele mesmo escolheu para servir-lhe de instrumento. Como que um profeta, sendo um homem de carne e ossos, saberia se estaria sendo enganado ou não durante o vaticínio, ainda mais sendo pelo próprio Deus? Que Deus é esse que enganaria seu servo para depois eliminá-lo? Que culpa teria o profeta para ser alvo de tão vil punição? Assim, Deus estaria traindo o profeta. Apunhalando-o pelas costas. Um Deus que induz seus servos ao erro. Está mais para gângster louco do que para Deus. Isto chega a ser insano. Esse Deus insano aparece em muitos trechos da Bíblia. Mais insano é considerar a Bíblia como “Palavra de Deus”.

Deus que condena a mentira, mas engana seus próprios servos. Isto, além de contraditório, é repugnante.

Fonte: http://www.webartigos.com/articles/68174/1/QUIMERA/pagina1.html#ixzz1OsTb0DzN

(Fonte original: Livro QUIMERA em http://www.clubedeautores.com.br/book/41787--QUIMERA ou http://www.agbook.com.br/book/29473--QUIMERA)

Autor: Suriman B. Carreira.